Cultura e Lazer

Punk político

Wander Wildner lança disco conceitual com carga política

"Existe Alguém Aí?" está disponível para download desde segunda-feira; show de lançamento será no dia 13

Daniel Feix

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Fernanda Chemale / Divulgação

Faz nem dois anos que Wander Wildner lançou Mocochinchi Folksom (2013), mas seu novo disco, disponível desde esta segunda-feira (veja no detalhe abaixo), aponta um novo caminho na carreira do ex-Replicante outrora conhecido como punk brega. Um novo velho caminho: distante do folk, que estava presente desde Caminando y Cantando (2010), ele se reaproxima do bom e velho rock simples com guitarras distorcidas entremeadas por baladas sobre o cotidiano. O que realmente é novidade em Existe Alguém Aí? o próprio Wander explica:

- É meu primeiro disco conceitual.

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O conceito do projeto tem caráter político e está resumido no título, uma chamada à consciência do ouvinte. "Sua vida merecia/ Ser melhor que a da sua tia", ele canta em Vivendo 100% Cada Momento.

Naquela Noite Ela Chorou foi composta no dia das eleições de 2014, conta o músico: "Todos viram a democracia acontecer/ Mas com um resultado devastador".

- É uma referência à derrota de Olívio Dutra para Lasier Martins (na votação para o Senado). Havia um clima triste em Porto Alegre por conta desse resultado - diz.

Leia sobre o disco anterior do músico, Mocochinchi Folksom
E sobre La Canción Inesperada, de 2008

Wander encarna personagens diferentes nas canções - vários deles mulheres. Fala de solidão (em Sua Própria Companhia), comida orgânica (Plantar, Colher e Depois Dançar), cita o caos urbano porto-alegrense (Réquiem para uma Cidade) e o exemplo que vem da democrática Berlim (Ela É uma Phoenix).

- As músicas mostram a minha visão da sociedade atual - explica. - É uma visão bem crítica.

E tudo a partir da capital gaúcha.

- É a minha cidade, embora tenha morado recentemente em Lisboa. Porto Alegre está caótica, um lugar automatizado, feito para os carros, que cresceu sem cuidar da qualidade de vida dos habitantes.

A aposta na base guitarra-baixo-bateria (com algum teclado pontual), essência do punk rock, tem a ver com essa postura política. Mas, a despeito do pessimismo da abertura (a primeira canção, Réquiem para uma Cidade, é apocalíptica), há espaço para a esperança.

- Quase todos os personagens acordam, dão a volta por cima - observa, citando Uma Angústia Presa na Garganta ("Ela quer respirar mas não consegue/ ...Mas agora vai se rebelar, vai sair correndo pela Redenção").

O que não tira o caráter de urgência de Existe Alguém Aí?:

- Eu precisava dizer tudo isso. Era urgente fazer este disco.

Existe Alguém Aí?
De Wander Wildner
Rock, 10 faixas, Fora da Lei. R$ 12,99 no no iTunes, no ONErpm e em wanderwildner.com.br.
Show de lançamento dia 13, no Opinião, na Capital. Os ingressos antecipados, a R$ 20 (na hora, será R$ 30), estão à venda nas lojas Youcom (Bourbon Wallig, Shopping Praia de Belas, Bourbon Ipiranga e Barra Shopping Sul), Multisom (Andradas 1.001, Canoas Shopping, Bourbon São Leopoldo e Bourbon Novo Hamburgo) e no site minhaentrada.com.br/opiniao.

Faixa a faixa

Réquiem para uma Cidade: Sombria visão de Porto Alegre caótica pós-chuva. "O sol nunca mais apareceu", canta, com riff poderoso e bateria quase tribal ecoando como se fosse o fim.

Naquela Noite Ela Chorou: Balada da desilusão de uma garota, faz referência a uma derrota política. Diz o autor: é uma citação à eleição de Lasier Martins para o Senado.

Numa Ilha Qualquer: A esperança vem com a celebração do amor. "Com você eu viveria numa ilha deserta" é um refrão que gruda. Candidata a hit.

Uma Angústia Presa na Garganta: Balada climática sobre a esperança da libertação - de uma garota, novamente.

Sua Própria Companhia: Punk rock acelerado sobre um personagem solitário e incompreendido.

Vivendo 100% Cada Momento: Letra no espírito on the road, por uma vida que "leve em conta os sentimentos".

Plantar, Colher e Depois Dançar: Rockão com teclado vintage, enérgico. Chamamento a sair do estado de torpor.

Ela É uma Phoenix: Bela balada com "teclado mágico", conforme o encarte, e letra lúdica sobre garota de Berlim inconformada com a injustiça social.

Sobrevoando as Ruas da Cidade: Guitarras distorcidas e clima lisérgico que exalta "momentos mágicos que subvertem a ordem estabelecida".

Saudade: Baladona romântica com belo dueto de cordas. Mais do que saudade, é sobre encerrar ciclos e recomeçar.

Programe-se - A agenda de shows de Porto Alegre:

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