
Leia entrevista com o ator do Porta dos Fundos, que exibe uma faceta mais dramática no filme Entre Abelhas, com estreia nesta quinta-feira (30/4):
Leia mais:
"Entre Abelhas" exibe faceta mais dramática de Fábio Porchat
O que você pode adiantar sobre seu personagem em Entre Abelhas?
O Bruno está deprimido, acabou de se separar, está morando no sofá da casa da mãe, não está indo muito bem também no trabalho. Não entende o que está acontecendo com ele, não encara os problemas de frente. Então, se dá conta de que não está mais enxergando as pessoas, elas estão "sumindo" para ele. Elas estão lá, mas ele não enxerga essas pessoas. Ele vai enxergando cada vez menos. Bruno vai precisar que todo mundo suma para ele começar a se perceber melhor.
Como surgiu a ideia do filme?
Quantas vezes a gente passa diariamente por isso: a invisibilidade visível, pessoas que estão em volta da gente e nós não as vemos. Com o mundo cada vez mais conectado pela internet, nós cada vez precisamos "menos" das pessoas. Chegamos a uma época em que não as vemos mais. Minha inspiração foi olhar para o lado e ver que as pessoas não estão olhando para o lado. E eu me incluo nisso, também não olho para o lado..
Leia todas as notícias de Cinema
Leia todas as notícias de TV
Você se identifica de alguma maneira com Bruno?
Ele está destruído, sem energia, enquanto eu sou uma pessoa com muita energia. Falo com muita mão, muito braço (gesticulando muito), ele usa zero braços. Mas essa coisa de evitar conflitos também é uma questão para mim, porque às vezes os conflitos são necessários. É preciso ver os problemas, criar rusgas, e isto é difícil para mim. O Bruno tenta não ver problemas onde há problemas.
Você acha que as pessoas podem estranhar ver Fábio Porchat atuando em um registro tão diferente do habitual?
Não vejo assim. Acho que seria uma mudança na minha carreira se eu fizesse um pornô. Não vejo problema em fazer um terror, por exemplo. "Ah, mas o que o público vai achar?" Não sei. Sei que essa é a história que a gente queria contar e o filme que queríamos fazer. Eu tento fazer sempre de tudo um pouco: Meu Passado me Condena é uma comédia romântica, Vai que Dá Certo é um filme de galera, o filme do Porta vai ser diferente de Entre Abelhas. É mais fácil rotular: quando fazia stand up, as pessoas achavam que eu só fazia stand-up. Quando fiz um filme, as pessoas disseram: "Ah, você atua também". Mas também não é um grito meu dizendo que quero mostrar que sou um ator sério. Não sou o Birdman (referência ao filme vencedor do Oscar deste ano, em que um ator de filmes de ação quer ser reconhecido também por seu talento dramático). Não tenho problema que as pessoas só vejam em mim o comediante. Tomara que esse seja um primeiro passo para eu fazer o que quiser, não só comédia. Faria Ham­let amanhã, se tivesse vontade.
Como foi atuar ao lado de Irene Ravache?
É uma honra trabalhar com essa grande atriz. A primeira vez em que vi o trabalho dela pessoalmente foi na peça Intimidade Indecente, ao lado do Marcos Caruso, e fiquei muito tocado porque ela aparece envelhecendo em cena. A gente a vê como uma mulher madura, depois uma senhorinha, e daí ela tem 90 anos, tudo sem maquiagem, só com o corpo e a interpretação. A Irene tem essa força. Quando topou fazer o filme, pensei: "Ufa, já tenho onde me segurar, se estiver me afogando, ela vai ser meu bote de salvação". Ela foi muito generosa de se permitir estar no meio dessa garotada. Ela disse: "Eu quero entrar na onda de vocês!". Ficou mais fácil: quando você escala o Neymar no seu time, um gol você vai fazer, né?
Como vai ser o filme do Porta dos Fundos?
É um filme com começo, meio e fim, não serão esquetes. É uma história baseada em um argumento do Ian SBF com o Gabriel Esteves. Eu faço parte desse argumento fisicamente, não escrevendo, sirvo de inspiração para eles. Vai ter todo o elenco do Porta, a gente vai filmar em junho e julho para lançar no final deste ano. É um filme que a gente está na expectativa, quer saber como vai ficar. O filme está escrito, mas guardado a sete chaves: nem os atores sabem o que é. A história se passa no mundo do cinema.
O que mais vem por aí?
A gente está fazendo uma série inédita do Porta para a Fox, chamada O Grande Gonzalez, em que Luis Lobianco é o protagonista. Estou fazendo um programa para a internet de conversas sobre viagens, chamado Porta Afora. Fora do Porta, estreia em julho o filme Meu Passado me Condena 2, e ainda tem o Tudo pela Audiência, que está passando ad eternum lá no Multishow. Eu vivo tendo ideias, fico anotando para não perder. Tenho três filmes engatilhados para fazer, com ideias minhas.
* O repórter viajou a convite da Imagem Filmes