
Embora presentes desde a origem da história brasileira, as músicas regionais estão hoje estranhamente distantes da maioria do público, esmagadas por sucessos radiofônicos e clipes altamente visualizados no YouTube.
Os motivos para isso são diversos e estarão em pauta a partir de quinta-feira no Acorde Brasileiro - Encontro Nacional de Músicas Regionais, evento criado em 1986 para refletir sobre a produção das diferentes partes do país e que está em sua sexta edição - a última foi no final de 2013.
"A música que se ouve no mundo é cada vez pior", diz Júlio Medaglia
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Por meio de palestras, debates, oficinas e apresentações, o Acorde Brasileiro tratará de temas como o ensino de música nas escolas, as influências das raízes populares na cultura musical brasileira e como viver de música no país. Estarão presentes nomes como o maestro Júlio Medaglia (leia entrevista), o músico e produtor Benjamim Taubkin, o músico Renato Teixeira e o Quinteto Violado.
Em entrevista por telefone, o radialista e crítico musical Kiko Ferreira, um dos curadores do evento, afirma que um dos desafios da música regional é se tornar "amigável" no trato com um público que, ao longo do tempo, perdeu interesse pela diversidade cultural e musical devido à força da indústria do entretenimento. A questão é apresentar aos ouvintes uma manifestação de que eles não sabem necessariamente que podem gostar, argumenta o radialista e crítico musical, em alusão à canção Rep, de Gilberto Gil ("O povo sabe o que quer/ Mas o povo também quer o que não sabe").
- Um exemplo de como ser amigável com o público é ligar o trabalho de um determinado artista com o trabalho de artistas locais para que o público das diferentes regiões entenda o parentesco daquele artista com o que está acostumado a ouvir. Por isso, gosto muito de eventos como o Acorde Brasileiro, que misturam figuras consagradas com outras não tão consagradas.
ACORDE BRASILEIRO
- Desta quinta-feira (7/5) a sábado (9/5), no Auditório Dante Barone, da Assembleia Legislativa do RS, em Porto Alegre. Participarão figuras como o maestro Júlio Medaglia (leia entrevista), o instrumentista e produtor Benjamim Taubkin e o presidente da Associação Brasileira de Educação Musical, maestro Sérgio Luiz Ferreira de Figueiredo.
- Haverá shows de Chico Lobo (sexta, 8/5, e sábado, 9/5), Renato Teixeira, Tamborada (ambos na sexta, 8/5), Quinteto Violado e Arte Gaúcha (ambos no sábado, 9/5), entre outros.
- Os shows têm entrada franca (retirada de senhas uma hora antes). Inscrições para as demais atividades no site acordebrasileiro.com.
- Idealizado por Luiz Carlos Contursi, o projeto tem curadoria do colunista de Zero Hora Juarez Fonseca (Sul), Kiko Ferreira (Sudeste), Marcelo Melo (Nordeste), Ruy Godinho (Centro-Oeste) e Nilson Chaves (Norte).
VEJA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA DO EVENTO:
Quinta-feira (7/5)
14h: Mesa redonda Ensinar música: Além das ideias. O que se fez. O que se faz e o que pode ser feito. Com os meastros Júlio Medaglia, Sérgio Luis Ferreira de Figueiredo e Evandro Matté. Mediadora: Bethy Krieger.
16h30min: debate com a plateia
Apresentação artística:
17h: Grupo Vida Com Arte (Unisinos)
Sexta-feira (8/5)
14h: Palestra: Influências das raízes populares na cultura musical brasileira: Conceitos, semelhanças, diferenças, amplitudes e perspectivas. Com Haroldo Costa. Mediador: Kiko Ferreira.
15h: Palestra: Como viver de música: diálogos com artistas brasileiros. Com Benjamim Taubkin. Mediador: Marcelo Melo.
16h: Debate com a plateia e via internet
Apresentação artística:
20h: Orquestra Villa-Lobos
20h15min: Cerimônia de entrega do Troféu Acorde
20h30min: Chico Lobo apresenta Brasil Canta e Dança
20h35min: Grupo Tamborada
21h30min: Renato Teixeira
Sábado (9/5)
Oficinas:
14h: O frevo, com Marcelo Melo e Dudu Alves
15h: Maçambique e congada, com Kako Xavier e Richard Serraria
16h: O carimbó, com Nazaco, Kleber e Marcelo do Grupo Manarí
Apresentação artística:
20h: Chico Lobo apresenta Brasil Canta e Dança
20h15min: Arte Gaúcha
20h30min: Grupo Manarí
21h30min: Quinteto Violado