
Experimentação, ousadia e um tanto de deboche aguardam o público que for ao Salão de Atos da UFRGS na noite desta quinta. Pudera: abrindo a temporada 2015 do Unimúsica, Arrigo Barnabé apresenta um show em que recria o emblemático Clara Crocodilo.
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Apostando na irreverência, o projeto do Departamento de Difusão Cultural da Pró-Reitoria de Extensão da UFRGS trará provocadores do quilate de Tom Zé e Jards Macalé (confira abaixo). Puxando o cordão, na abertura, está Arrigo e a nova versão do seu LP lançado em 1980 - agora transformado no show Claras e Crocodilos. A ideia de espetáculo surgiu ao acaso, quando o artista paranaense foi convidado para participar de um festival de música de vanguarda no Chile, em 2013.
- Foi um total acaso. Na época, eu estava começando um trabalho chamado O Neurótico e as Histéricas, com uma banda feminina. Resolvi continuar o trabalho com elas, todas bastante jovens, nenhuma delas ainda nascida quando o LP original foi lançado, na década de 1980 - conta Arrigo, em entrevista por e-mail.
Reescrevendo os arranjos para privilegiar a parte rítmica, Arrigo e a banda de garotas apresentaram Claras e Crocodilos no festival chileno. A recepção foi tão boa que acabou sendo lançado em disco, em 2014, e virou uma série de shows - que chega agora a Porto Alegre. Além de Arrigo nos vocais e regência, o palco será recheado com Ana Karina Sebastião (contrabaixo), Maria Beraldo Bastos (clarinete), Mariá Portugal (bateria), Joana Queiroz (saxofone), Paulo Braga, (piano) e Mário Manga (guitarra).
- Mas não tocaremos o disco na íntegra - avisa Arrigo. - Não faremos a canção Instante, por exemplo, mas vamos fazer Outros Sons e Canção dos Pirilampos, que não estão no LP. Também terá espaço para improvisações.
Egresso da cena artística que ficou conhecida por Vanguarda Paulista - que na virada dos anos 1970 para os 1980 lançou nomes como Itamar Assumpção, as cantoras Ná Ozzetti e Tetê Espíndola e o grupo Premeditando o Breque -, Arrigo continua a provocar em várias frentes, mas é lacônico sobre o cenário atual da música no país:
- Quando surgimos, era um momento muito difícil, ditadura plena aqui no Brasil. Havia a contracultura acontecendo, os hippies, Paris 68, muitas contradições, mas havia a esperança de um futuro menos injusto. Acontece que a sociedade de consumo triunfou, então tudo ficou esvaziado, mesmo o escândalo, o protesto, a revolta...
As próximas atrações do Unimúsica
2/7 - Jards Macalé
6/8 - Wander Wildner
3/9 - Luiz Melodia
22/10 - Carlos Careqa
5/11 - Tom Zé