
Depois do falastrão Gato de Botas da turma de Shrek, e dos alucinados pinguins do zoológico de Madagascar, chegou a vez dos amarelinhos minions deixarem de ser coadjuvantes na série Meu Malvado Favorito para estrelar seu próprio filme.
Em cartaz nos cinemas a partir desta quinta-feira, com cópias dubladas e legendadas (convencionais e 3D), o desenho animado Minions mostra que as simpáticas criaturas unicelulares têm fôlego para encarar o protagonismo de uma longa aventura. Longa mesmo, pois o ponto de partida está na origem da vida sobre a Terra.
Codiretor de Meu Malvado Favorito 1 e 2 (2010 - 2013), Pierre Coffin, agora em parceira com Kyle Balda (de O Lorax: Em Busca da Trúfula Perdida) mostra a saga dos minions através do tempos. Desde que os primeiros seres se movimentaram no barro seminal do planeta, essas figurinhas cumprem a peculiar saga de servir de capangas ao vilão do pedaço. Mas os devotados assistentes também têm a sina de ser sempre responsáveis pela extinção do chefe, por uma traquinagem que passa da medida ou por uma trapalhada em momento decisivo.
É por conta de mais um tirano que tiram do mapa que o minions buscam o exílio, isolando-se por alguns séculos em uma caverna gelada, onde sua descontrolada animação dá lugar a uma pastosa depressão. Sem um mestre para servir, eles não enxergam razão para existir.Essa aflição da turminha dura até 1968, quanto três deles, Kevin, Stuart e Bob, partem em missão para encontrar um tipo maligno que outra vez ilumine o caminho para seu povo.
Em plena efervescência do movimento hippie e dos protestos contra a Guerra do Vietnã nos Estados Unidos, os três minions exploradores descobrem que facínoras de todo o mundo estão se reunindo em uma convenção, na qual a grande estrela é Scarlet Overkill, britânica que se jacta de ser a primeira supervilã do planeta. E o plano dela, lógico, é dominar o mundo com seu gênio criminoso e as traquitanas criadas por seu marido, Herb Overkill, que faz às vezes do cientista maluco. Os minions acabam recrutados por Scarlet e embarcam para Londres, onde a primeira missão a eles confiada é roubar a coroa da Rainha.
O público-alvo de Minions são as crianças pequenas seduzidas pela incontestável empatia das criaturinhas, tão grande que contagia também os adultos. A aventura solo, que se passa antes das histórias vistas em Meu Malvado Favorito, destaca o caráter universal dos personagens. Assim como os grandes comediantes do cinema mudo, ele conseguem expressar sua graça sem a necessidade de diálogos compreensíveis - falam um idioma próprio, onde se pescam algumas expressões em inglês, espanhol, italiano e francês.
Disney e Pixar comemoram recorde com Divertida Mente
A proposta da produção do estúdio Universal não é transcender o gênero, como faz o fantástico Divertida Mente, da Pixar/Disney, em cartaz nos cinemas. Mesmo que em seu terço final, Minions ameace perder o gás, rumando para o recorrente e previsível clímax de confronto de forças antagonistas, destruição geral de Londres e lição de moral - construindo a ponte para Meu Malvado Favorito, o resultado cumpre com méritos a expectativa que se tinha da aventura solo dos pequeninos.
E cabe ressaltar, na ótima recriação que o Minions faz da efervescência cultural e comportamental dos anos 1960, sobretudo na Swinging London, a ótima trilha sonora embalada por The Beatles, The Who, The Kinks e The Doors. Na versão original em inglês, as vozes do casal de vilões são de Sandra Bullock e Joe Hamm. A dublagem em português é de Adriana Esteves e Vladimir Brichta.
Ouça Mellow Yellow, a música tema de Minions, na versão original, lançada em 1967 pelo músico britânico Donovan, e (abaixo) na releitura em português para o filme, com Michel Teló.