
True Detective voltou ao ar na noite deste domingo com um episódio focado na apresentação de seus quatro protagonistas: os policiais Ray Velcoro (Colin Farrell), Ani Bezzerides (Rachel McAdams) e Paul Woodrugh (Taylor Kitsch) e o empresário Frank Semyon (Vince Vaughn). E deve ser tensa a convivência entre eles no decorrer dos oito novos episódios da série produzida pelo canal HBO.
Esse arco narrativo maior é o diferencial mais evidente em relação à premiada temporada anterior de True Detective, na qual Matthew McConaughey e Woody Harrelson brilharam sem concorrência. A estrutura desse segunda temporada também parece ser menos complexa - a primeira cobriu um período cronológico de 17 anos com idas e vindas no tempo, adicionou elementos fantásticos na trama e lapidou um texto com reboco literário.
A nova fase de True Detective aponta para a linha narrativa de uma série policial mais convencional, enredando a investigação de um crime com um jogo de poder e corrupção que move interesses econômicos e políticos na região sul da Califórnia.
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Semyon é um empresário do ramo dos cassinos com ligações fortes no submundo. Ele quer dar o pulo do gato à frente de um grande empreendimento que movimentará as áreas de imóveis e transportes da fictícia cidade industrial de Vinci, no condado de Los Angeles. Está prestes a fechar negócio com um grupo estrangeiro quando um político fundamental para o acerto desaparece repentinamente.
Sobre o desempenho de Vince Vaughn como Semyon estavam as maiores expectativas, diante do histórico recente do ator à frente de comédias sem maior relevância. Mas Vaughn, aparentemente, encontrou o tom adequado para o dissimulado personagem, lembrando por vezes o seu Norman Bates no remake de Psicose por Gus Van Sant.
Os novos protagonistas terão de se empenhar muito para sair da sombra da espetacular performance de McConaughey e Harrelson na premiada temporada anterior da antologia. O Velcoro encarnado por Farrell, por exemplo, mostra-se um tipo complexo, mas comum em produções do gênero. Um breve flashback explicou o início de sua relação com Semyon, a quem presta serviços por baixo do pano. Pavio curto, Velcoro passou por uma separação traumática da mulher e tenta dar atenção ao filho, garoto que é hostilizado na escola. A interferência do policial nesse drama, aliás, ilustrou a seqüência de maior tensão do episódio.
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Rachel mostrou que sua Ani também é dona de interessantes nuanças. A policial da costeira cidade vizinha de Ventura tem um histórico de relacionamentos fracassados e uma família complicada: a irmã faz vídeo pornográficos e seu pai é um guru espiritual.
Kitsch, por sua vez, apresentou Woodrugh como um tipo instável. Veterano de guerra, ele acaba de tomar um gancho da patrulha rodoviária por ter resolvido de forma não protocolar uma infração de trânsito. Pilotando sua moto alucinadamente no meio da noite, ele encontra, nos minutos finais do capítulo, o cadáver do tal político desaparecido, em torno do qual se reúne com Velcoro e Ani .
Este morno primeiro episódio dá pistas que o criador e roteirista da série, Nic Pizzolatto, um destacado autor de literatura policial, vai fazer do misterioso assassinato razão para investigar seus protagonistas pelo avesso. Resta saber se ele vai conseguir que a temperatura aumente ao ponto de o novo True Detective vencer à desconfiança dos que ainda estão sob o impacto da história anterior.
E uma atração que começa com Leonard Cohen cantando Nevermind, nova trilha de abertura de True Detective, e tem nos créditos finais uma música inédita de Nick Cave, All The Gold In Califórnia, que ele gravou com seu parceiro de Bad Seeds Warren Ellis, já convida para o próximo episódio.