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Atores transgêneros estão ganhando destaque em séries e filmes americanos

Aristas como Laverne Cox, a Sophia de "Orange is The New Black", têm tido mais espaço nas telas

JoJo Whilden,Netflix / Divulgação

"A diferença é enorme quando uma pessoa trans de verdade interpreta o papel." A afirmação foi de Laverne Cox, em 2011, sobre o fato de que, após anos de visibilidade intermitente, os atores transgênero como ela estão ganhando mais espaço no cinema e na TV como personagens transexuais, em geral mulheres. Quatro anos depois, ela foi indicada ao Emmy pelo papel na série da Netflix Orange Is the New Black, já na terceira temporada, e será vista ainda neste ano como uma velha amiga da personagem de Lily Tomlin em Grandma. Com seu sucesso, está redefinindo, física e culturalmente, o conceito do que é ser ator.

Mas e os outros artistas trans? Será que o destaque de Laverne ampliou suas chances na sala de testes ou fez surgir apenas uma nova onda de personagens transexuais? Um bate-papo com atores transgênero em destaque sugere que a ascensão da atriz ao estrelato redefiniu muitas regras.

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- Muita coisa mudou, principalmente nesses últimos dois anos, desde o sucesso de Orange. Laverne foi quem abriu as portas para nós, fazendo com que o público percebesse que somos humanos também, temos uma história de vida - afirma Trace Lysette, que interpreta uma instrutora de ioga trans na série Transparent, do Amazon.
A nova leva do talento transgênero inclui muitos atores estreantes, incluindo Mya Taylor, que está em Tangerine, filme que fez sucesso no Festival de Sundance e deve estrear nos EUA este mês, e Michelle Hendley, protagonista do recente Boy Meets Girl (2015) com direito a uma cena de nudez corajosa. Outros - como Alexandra Billings, que encarna a confidente do personagem de Jeffrey Tambor, pai de três filhos em Transparent - também estão se tornando conhecidos do grande público após anos de papéis menores.

Já Tom Phelan, que interpreta um adolescente transgênero no programa The Fosters, do ABC Family, quanto mais jovens como ele começarem a ganhar destaque como atores, mais complexos os papéis se tornarão, exigindo mais dos atores emocionalmente. Ele relembra de uma cena gravada na uma praia, em que tinha de tirar a camiseta:

- A câmera mostra minhas cicatrizes, o que achei legal. Se eu fosse um cara trans em um lugar que ainda não passou por muitas transformações, seria incrível ver a reação causada pela série.

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OS AVANÇOS E OS DESAFIOS DOS TRANS, SEGUNDO ELES MESMOS

A reportagem conversou com esses atores sobre as novas portas que estão se abrindo e os desafios que eles têm pela frente. Aqui estão alguns trechos.

Como vocês descreveriam o momento dos atores trans?
Tom Phelan
- A situação hoje é melhor do que nunca. Deixaram de escalar só a mesma meia dúzia de sempre, mas ainda é meio limitado.
Alexandra Billings - Há mais oportunidades, mas é bom que se preste atenção. Elas são muito específicas: ou estamos no hospital, visitando alguém que está internado, ou na prisão, sempre em algum tipo de "jaula". Imagine colocar um de nós responsável por uma criança ou no mundo corporativo, onde está o poder! As coisas estão melhores em termos específicos, mas é difícil dizer se melhorou no geral.
Trace Lysette - Quando chegarmos ao ponto em que o pessoal trans for incluído no processo criativo, a narrativa se tornará muito mais autêntica.

Vocês acham que papéis que mostram o transgênero em personagens como o zé-da-esquina podem estar tentando passar por cima daquilo que os torna pessoas únicas?
Laverne Cox
- Poder assumir não só a minha identidade trans, mas também a de mulher negra, de classe operária é o que me torna especial. Sob muitos aspectos, os trans são mesmo como qualquer pessoa; sob outros, não. Se a história é mais específica, claro que vai mostrar melhor a diversidade.
Phelan - É maravilhoso poder atuar em um papel especificamente trans, mas, na verdade, seria melhor poder assumir um personagem apenas complexo, profundo, bem trabalhado. Estamos chegando lá. É preciso dar tempo para as pessoas se acostumarem. Tem que ser um lance inicial bem ameno e aí, aos poucos, incluir detalhes mais profundos e realistas.

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Vocês já sentiram alguma discriminação no set?
Laverne - Já teve caso em que a pessoa confundiu meu sexo, falando sobre mim usando o pronome errado. No início, eu meio que levava isso para o lado pessoal, perdi um pouco o foco, mas aprendi. Agora, quando acontece, e percebo que é uma coisa de trabalho, só corrijo delicadamente.
Michelle Hendley - É importante saber quem é a pessoa, qual sua intenção. Está tentando me magoar ou simplesmente não entende? Sou superaberta para esse lance de educar.

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