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Se o rap foi a voz mais alta de discurso político na música brasileira dos últimos 20 anos, é evidente que a revolta popular que tomou as ruas recentemente viraria rima. Ainda mais quando se fala em um dos rappers mais engajados do país. No EP de sete faixas Vitória pra Quem Acordou Agora e Vida Longa pra Quem Nunca Dormiu, MV Bill não decepciona e enfileira gritos de protesto sobre corrupção, violência, drogas, esquerda e direita. O disco é a base do show que chega a Porto Alegre na noite desta quinta-feira, no Opinião.
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Em faixas como Brado Retumbante e Campo Minado, Bill relata momentos que viveu na pele, como morador da Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, ou que testemunhou nas ruas da capital carioca. No auge dos protestos de 2013, o rapper, que sempre foi ativo nos movimentos sociais, conta que vestiu uma máscara do filme V de Vingança e saiu à rua para analisar as manifestações populares. Acabou encontrando a inspiração para as novas composições.
- Aconteceu uma coisa que eu nunca tinha visto, mas sempre tinha desejado, que é uma revolta coletiva - diz o músico, em entrevista por telefone a ZH. - Aquilo mexeu muito comigo, e eu consegui fazer uma parada que nunca tinha conseguido: escrever sobre um fato que está acontecendo de verdade. Nos protestos, não fiz selfie, não gravei clipe, não fiz nada, só fui para a rua ver as pessoas gritando. Cheguei em casa e, aí sim, escrevi.
Bill vê mudanças no rap nacional nos últimos anos, provocadas pelas gerações posteriores à sua. Se, na década de 1990 - quando o rapper carioca dava seus primeiros passos -, os artistas da cena "dificilmente variavam de assunto" e "cantavam de maneira uniforme", hoje há mais diversidade. Rappers como Emicida, Criolo e Karol Conká fazem com que ele se empolgue e veja com esperança o futuro do gênero.
- A forma de empacotar o rap como arte estava manjada. Então, começaram a aparecer novos nomes e isso oxigenou a cena. Vieram jovens de outras realidades, e mesmo as favelas foram transformadas, então é natural que a visão como um todo seja modificada. Hoje, o rap fala de festa, de mina, de relacionamento, de si mesmo. Mas a vertente que fala de problemas sociais ainda é muito importante, principalmente pelo momento que o Brasil vive - comenta o músico.
Quinta, às 23h.
Opinião (Rua José do Patrocínio, 834).
Ingressos: R$ 40 (lote promocional) e R$ 70.
Pontos de venda: lojas Youcom do Bourbon Wallig (sem taxa), Youcom dos shoppings Praia de Belas, Bourbon Ipiranga, BarraShoppingSul e Bourbon Novo Hamburgo, lojas Multisom Centro (Andradas, 1.001), Canoas Shopping e Bourbon São Leopoldo (com taxa de conveniência de R$ 3) e também pelo site www.minhaentrada.com.br/opiniao. Desconto de 50% para estudantes e para sócio e acompanhante do Clube do Assinante.
