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Sete Vidas chegou de mansinho. Em meio à badalação em cima de Babilônia estreou, em março, despretensiosa, mas não demorou muito para cair no gosto de público e crítica. Lícia Manzo é uma autora novata, concluiu seu segundo trabalho solo na Globo. Mas já pode ser apontada como o futuro da dramaturgia brasileira. Sete Vidas terminou nesta sexta-feira com um capítulo primoroso, transbordando diálogos incríveis e emoção. Lícia foi fiel ao restante da novela, que é, até aqui, a melhor da emissora no ano.
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No último capítulo, vimos Júlia (Isabelle Drummond) e Lígia (Débora Bloch) deixando o coração falar mais alto e escolhendo ficar, respectivamente, com Pedro (Jayme Matarazzo) e Miguel (Domingos Montagner), por mais arriscadas que essas decisões pudessem ser. Permanecer com Felipe (Michel Noher) e Vicente (Ângelo Antônio) representaria o risco zero, seria a decisão racional. Também teve referência a séries, como Grace and Frankie, e uma citação de Fernando Pessoa. E terminou com Miguel e sua família no barco, navegando e se conectando.
O principal ponto de Sete Vidas, em termos de debate, foi falar sobre o conceito de família justamente em um momento que o Congresso Nacional faz a mesma discussão. Tema mais atual não poderia existir. Ao abrir mão de vilões e heróis, Lícia focou em diálogos consistentes, e teve na direção de Jayme Monjardim e na atuação do elenco seu alicerce para fazer a trama ter sucesso.
Dos muitos pontos altos, destaque para a sintonia entre as irmãs Lígia e Irene (Malu Galli), a transparência de Laila - aliás, Maria Eduarda Carvalho teve uma das melhores atuações da novela -, a sabedoria e posições avançadas de Ester (Regina Duarte). E, o principal, por ser uma novela curta, teve pouco mais de cem capítulos, desenvolveu-se no ritmo correto, sem enrolações ou correrias.
E ficou a lição: menos é mais. Lícia foi sutil ao abordar temas delicados - como homossexualidade e conflito família x trabalho -, não levantou bandeiras, primou pelo realismo e conquistou o público.