FêCris Vasconcellos
E essa fivela, broto?
Botinha sem meia, cabelo na testa, carro vermelho. Para ser "o bom" depois de 1965, só prestando muita atenção no figurino e nas atitudes dos ídolos da Jovem Guarda. A febre era tanta que as Lojas Renner lançaram na época uma coleção inspirada na turma de Roberto Carlos chamada, claro, Calhambeque, da qual a estrela maior era uma fivela de metal com a imagem do veículo gravada. Das lojas de grife às roupas feitas pela mãe ou a vizinha costureira, tudo estava no ritmo do iê-iê-iê.
- Por tudo você via, era uma mania muito forte - lembra o radialista Clovis Dias Costa.
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É uma brasa, mora?
"Era meio que um cachinho do Roberto, não sei se teve ou não teve relação com ele." Assim o músico Frank Jorge descreve a cantora Martinha no final da entrevista. Ainda que jovem demais para ter sido influenciado diretamente pelo programa enquanto ele estava no ar - o músico nasceu no ano seguinte ao lançamento -, a forte ligação afetiva com o estilo, por influência de parentes e amigos mais velhos, o fez absorver ao vocabulário várias das expressões pitorescas de Roberto e seus brasinhas.
- Uso muito "supimpa", "crocante". Tem umas gírias muito boas - conta ele.
Outras expressões de Roberto e sua turma caíram na boca do povo: dos clássicos "broto" e "uma brasa, mora?" até brucutu - originalmente uma peça de carro.