Fábio Prikladnicki
Em seus 40 anos de carreira, a cantora Simone testemunhou uma mudança na presença feminina na música brasileira: as intérpretes passaram a assumir também a tarefa de compor. É sobre esse olhar feminino, diverso e multifacetado, que Simone se debruça no show É Melhor Ser, com sessão nesta quinta-feira (24/9), às 21h, no Theatro São Pedro, em Porto Alegre. Os ingressos, já esgotados, foram vendidos por um preço simbólico de R$ 1 cada, novidade desta turnê da cantora.
Queen + Adam Lambert faz show histórico em Porto Alegre
Apesar da súde de Lemmy, Motörhead lança novo álbum
Ney Matogrosso volta a Porto Alegre em novembro
O show é baseado no disco de mesmo nome lançado em 2013, que inclui faixas de compositoras como Rita Lee, Dona Ivone Lara e Adriana Calcanhotto. Com direção-geral de Christiane Torloni, o show ainda terá canções inéditas no repertório da intérprete.
Por que você decidiu realizar uma turnê com ingressos a R$ 1?
Este é um sonho antigo meu, poder realizar uma turnê verdadeiramente popular, para que todas as pessoas possam ter acesso ao show, que está viajando como ele foi concebido originalmente. Não mudamos a produção para essa temporada, o público verá o show completo, como ele merece. Há alguns anos, tenho o privilégio de contar com o patrocínio da Bradesco Seguros e, desta vez, propus a eles essa turnê com ingressos a R$ 1, e eles, imediatamente, toparam a ideia. Só é possível realizar este projeto por causa do patrocínio.
Como você avalia a reclamação dos espectadores sobre o preço dos ingressos em geral?
Em tempos de crise, a cultura sempre sofre mais, porque o cidadão tem que comer, bancar suas necessidades básicas. É natural que faça essas escolhas. Por isso, é lindo proporcionar este show a esse preço simbólico, quase gratuito. Porque o público verá meu show completo, gastando quase nada. É uma retribuição por tudo que recebi das pessoas nesses mais de 40 anos de carreira.
Leia todas as notícias de Música
O Brasil tem uma tradição de grandes cantoras. Olhando a nova geração, que cantoras você admira?
Historicamente, o Brasil é o país das cantoras. Temos grandes cantores também, como o Milton Nascimento, uma das paixões da minha vida, mas realmente a voz feminina bate mais forte no coração do povo brasileiro. Sempre procuro ouvir tudo que está sendo feito, sem abandonar meus amores antigos. Neste show, por exemplo, tem Dolores Duran, Sueli Costa, que não apenas compunham, mas também cantam, e tem Teresa Cristina, Adriana Calcanhotto, Zélia Duncan, cantoras e compositoras que admiro muito. A Céu é outra cantora interessantíssima, assim como Tulipa Ruiz, Roberta Sá. Essa fonte nunca seca.
No show, você faz uma homenagem às compositoras do país. Como avalia a importância de termos mulheres compondo?
Quando eu comecei a carreira, basicamente nós tínhamos intérpretes. A minha geração praticamente não compunha, só a Rita Lee e Dona Ivone Lara, que, não por acaso, estão no disco. Depois, veio Marina Lima, Angela Ro Ro e aí não parou mais. Essa mudança tem a ver com o próprio processo de emancipação feminina. A mulher começou a conquistar seu espaço, ter voz no mundo, e essa necessidade de se expressar chegou naturalmente à música. Hoje, a maioria das novas cantoras é compositora também. Virou um processo natural. E esse disco é justamente a celebração desse olhar feminino. Quis reunir grandes compositoras e mostrar o seu pensamento, a sua poesia. E trouxe isso também para o show É Melhor Ser, que também é dirigido por uma mulher, a Christiane Torloni. Estou cercada de mulheres nesse projeto.
Poderia comentar seus próximos projetos?
Até o ano que vem devo seguir com essa turnê popular. Quero ir a todos os lugares, levando esse projeto. E estou pensando em um projeto de palco com o Hermínio Bello de Carvalho, que é meu amigo e figura fundamental na minha carreira. Ainda não sabemos exatamente o que será, mas logo vocês serão informados.
- Mais sobre:
- segundo caderno
- show
- música