
Diante da crescente popularidade do MMA nos últimos anos, o boxe já não desperta o fascínio de outrora, sobretudo pela ausência de grandes ídolos - o incrível cartel de vitórias, a ostentação e a marra não colocam o norte-americano Floyd Mayweather, astro do momento, à altura de pugilistas icônicos como Muhammad Ali ou Mike Tyson.
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No cinema, porém, o boxe segue com um prestígio que dificilmente será alcançado pela concorrência. Porque poucos cenários, em qualquer outro esporte, têm mais potencial dramatúrgico e cenográfico para ilustrar glórias e tragédias do que o quadrilátero no qual dois adversários escrevem seus destinos entre socos e esquivas.
Em cartaz a partir de hoje no circuito, o drama Nocaute traz a investida do diretor Antoine Fuqua (de Dia de Treinamento) em um gênero que, de Chaplin a Scorsese, passando por Kubrick e Visconti, já proporcionou momentos antológicos na tela grande.
Fuqua alcança resultado mais modesto, em que pese o empenho e a impressionante transformação física de um musculoso Jake Gyllenhaal no papel protagonista: Billy Hope, boxeador apresentado no instante em que joga na lona mais um oponente e unifica os cinturões da categoria peso médio. O pavio curto Hope, como Mike Tyson, é cria das ruas de Nova York. Cresceu em abrigos para menores abandonados, passou por reformatórios e escapou da marginalidade canalizando sua fúria um tanto autodestrutiva na canhota demolidora (o estilo southpaw a que faz referência o título original). É uma máquina de lutar conduzida entre o zelo maternal da amorosa mulher (Rachel McAdams) e os interesses do empresário inescrupuloso (50 Cent).
Para dobrar Hope, somente um inesperado golpe do destino. Seu nocaute será existencial. E Fuqua faz seu filme seguir então um rumo dos mais previsíveis, com doses de melodrama familiar (como em O Campeão), etapas da via-crúcis recomeçando por baixo ao lado de um novo treinador (Forest Whitaker) e o combate redentor alimentado pelo desejo de revanche (como na cinessérie Rocky).
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Mesmo sem maior inspiração em seu roteiro, Nocaute traz boas sequências de luta e renova a boa fase que Gyllenhaal vem apresentando na carreira, após filmes recentes como Os Suspeitos, O Homem Duplicado, O Abutre e a inédita aventura épica Evereste, que tem estreia marcada para semana que vem e já é apontada como uma possível presença da próxima festa do Oscar.
NOCAUTE
De Antoine Fuqua
Drama, EUA, 2015, 124min, 14 anos. Estreia hoje no circuito.
Cotação: 3
8 FILMES ICÔNICOS SOBRE O BOXE
Rocky, um Lutador (1976)
De John G. Avildsen. Um lutador amador (Sylvester Stallone) tem a chance de enfrentar o campeão dos pesos-pesados. Vencedor do Oscar, deu origem a uma série que já soma seis filmes.
O Campeão (1979)
De Franco Zeffirelli. Para dar um futuro melhor ao filho, ex-boxeador (Jon Voight) aceita uma proposta de retornar aos ringues.
Touro Indomável (1984)
De Martin Scorsese. Narra a história conturbada de ascensão e queda do boxeador ítalo-americano Jake LaMotta (Robert De Niro).
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Ali (2002)
De Michael Mann. Este longa conta a trajetória de Muhammad Ali (Will Smith), desde o primeiro título mundial à épica luta contra George Foremann.
Menina de Ouro (2004)
De Clint Eastwood. Garota (Hilary Swank) se esforça para convencer treinador (Eastwood) de que tem futuro como pugilista, e os dois criam uma forte relação. Vencedor de quatro Oscar, entre eles melhor filme.
O Vencedor (2010)
Com direção de David O. Russell , valeu a Christian Balle o Oscar de ator coadjuvante, vivendo um ex-boxeador derrubado pelas drogas que tenta ajudar seu irmão a seguir seus passos no ringue.
HURRICANE - O FURACÃO (1999)
De Norman Jewison. Pugilista (Denzel Washington) condenado injustamente por assassinato lança livro contando sua história.
Marcado pela Sarjeta (1956)
De Robert Wise. O filme ganhador de dois Oscar em categorias técnicas apresenta Paul Newman vivendo a história real de Rocky Graziano, um das maiores ídolos da história do boxe.