Certa vez, em uma entrevista, Vitor Ramil foi questionado sobre como era ser um artista que vivia tão longe do centro do país. Sua resposta foi curta: "Eu estou no centro de uma outra história". E, neste sábado, às 20h, no salão de atos do Colégio Marista em Santa Maria, ele voltará ao centro do Estado para apresentar um resumo de toda essa trajetória - um caminho percorrido por um artista original e reconhecido por suas ideias autorais. Compositor de espírito independente e empreendedor, dono de suas rédeas, é ele quem escolhe por onde levar a sua carreira.
Noite com o "síndico" em Santa Maria, nesta sexta-feira
Engana-se quem acha que o sucesso veio pronto e embalado para presente. Em uma de suas primeiras aparições, na Califórnia da Canção, em 1980, ele foi alvo de uma vaia feroz ao apresentar a música Semeadura. Com letra de José Fogaça, essa primeira milonga fala sobre a busca por justiça.
- Uma pauta ainda atual, avaliou ele em entrevista ao Diário 2 por telefone.
Aos 18 anos, Vitor gravou seu primeiro disco, Estrela, estrela. Ao mesmo tempo, mudou-se para o Rio de Janeiro e fez mais dois discos. Mas o sucesso não é fácil de atingir. O artista era um peixe fora dágua, um estranho no ninho. Em plena época da explosão do rock brasileiro, ele lançava discos com milongas, músicas com arranjos tropicalistas e não convencionais. Estava em busca da própria identidade. Três discos lançados e a pressão dos executivos de gravadoras fizeram Vitor voltar para sua cidade original, Pelotas, ou como ele gosta de chamá-la, de trás para frente, Satolep.
Ali, com menos pressão, resolveu trilhar o caminho independente. Fez o disco À Beça e quebrou um jejum de lançamentos que já durava oito anos. Sua obra veio encartada na extinta revista Capacete. Hoje o CD é uma cobiçada raridade. Em 1997, Ramilonga
- A Estética do Frio consolida o estilo que o aclamaria. Um disco calcado no Rio Grande do Sul. Milongas e temáticas campesinas faziam um resgate do gauchismo que fugia da estética gaudéria vigente, na qual a sanfona e vozeirão mandavam. Era um disco delicado e sensível.
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