
Lá pelas tantas, em Harry Potter e as Relíquias da Morte, Dumbledore diz ao jovem bruxo: "Claro que está acontecendo em sua mente, Harry, mas por que isto significaria que não é real?". No último domingo, 319 pessoas, de cinco a 56 anos, tiveram a chance de inverter a frase do sétimo e último livro da saga de J. K. Rowling. O mundo de magia criado pela autora ganhou vida fora da mente dos fãs em um castelo a 65 quilômetros de Porto Alegre, em um evento organizado pela agência Ori Tur e vivida por "trouxas" de vários lugares do país.
Saiba como é a rotina em uma escola de bruxaria
No lugar de Londres, Montenegro. A plataforma 9 ¾ foi adaptada nos arredores do Hotel Tulip Inn, no Centro Histórico de Porto Alegre. Em vez de no trem Expresso de Hogwarts, os alunos embarcaram em um ônibus até a "Escola de Magia e Bruxaria (EMB)". O universo foi "abrasileirado" devido a questões de direitos autorais de J.K. Rowling e da Warner Bros, produtora dos filmes.
Se Hogwarts virou EMB, Grifinória virou Equipe dos Tigres, assim como Sonserina a das Serpentes, Corvinal a das Águias e Lufa-Lufa a dos Esquilos. O famoso jogo bruxo de quadribol ganhou um "a" ao final e a cerveja amanteigada foi servida gelada em chopeiras. Só para ficar em alguns dos termos que preencheram a maratona de 20 horas desenvolvida para a atividade que tinha gaúchos como metade dos inscritos, e outra fatia composta por participantes de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Distrito Federal, Santa Catarina, Paraná e Minas Gerais.
- Sempre foi um sonho conhecer o castelo de Hogwarts em Londres ou Orlando, mas o Rio Grande do Sul estava mais perto - contou a estudante de Enfermagem e Bioquímica Ana Clara Novaes, de 22 anos, que veio de Ilhéus, na Bahia.
Com a prima de 17 anos, a quem iniciou no mundo Harry Potter, Ana Clara calcula que tenham gasto R$ 4 mil para viver o dia de bruxas em Montenegro - sem contar as capas pretas com detalhes verdes, que a mãe da estudante confeccionou.
A idealização do evento partiu da agente de turismo Vanessa Godoy. Com 26 anos, ela é da geração Harry Potter, de leitores que cresceram tendo a mesma idade do bruxo a cada novo livro lançado.
- É o sonho de uma geração receber uma "carta de Hogwarts". Não recebi aos 12, mas, muitos anos depois, resolvi eu mesma distribuir cartas de uma escola brasileira, com tudo adaptado aos nossos costumes e gostos. Afinal, somos bruxos diferentes - explica Vanessa.
A ideia deu certo e os ingressos esgotaram duas semanas antes do evento, sendo a maior parte dos compradores de idade entre 15 e 30 anos. A matrícula de R$ 370 deu direito não só à cartinha, como a aulas, a campeonato, a refeições e a premiações e terminou com um baile de formatura, que incluía certificado.
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