
Na semana em que se completam 40 anos do brutal assassinato de Pier Paolo Pasolini (1922 - 1975), ocorrido exatamente no dia 2 de novembro, entram em cartaz uma cinebiografia dirigida pelo americano Abel Ferrara e a cópia restaurada do clássico Mamma Roma - há sessão de pré-estreia nesta terça (leia abaixo).
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Apresentada por Ferrara no Festival de Veneza de 2014, a cinebiografia Pasolini ilumina o último dia de vida do autor de obras como O Evangelho Segundo São Mateus e Teorema. Não é um projeto com ambição de dar conta da trajetória de um intelectual que canalizou no cinema seu espírito libertário e sua erudição - graduado em literatura, foi professor, jornalista e ergueu reputação como escritor, poeta e dramaturgo. Homossexual assumido e comunista militante, Pasolini virava pelo avesso em seus filmes temas como política, história, sexo e religião. Vivia em confronto com as esferas conservadoras da Itália.
O ator americano Willem Dafoe encarna Pasolini com competência física e dramatúrgica. A trama começa com o diretor dando os ajustes finais em seu filme derradeiro, o provocador Saló ou 120 Dias de Sodoma, apresentado dias após sua morte. De volta a Roma, Pasolini passa suas últimas horas de vida convivendo com a família, planejando um próximo longa (inserido na trama com uma alegoria orgiástica) e pescando um jovem michê nas ruas. É na companhia do rapaz que Pasolini é atacado por uma gangue que o espanca até a morte e o atropela com seu próprio carro.
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Essa versão escolhida por Ferrara para a morte do diretor foi revelada em 2005 pelo garoto de programa preso à época como réu confesso. Na reviravolta do caso, ele disse ter assumido a culpa por temer a vingança dos verdadeiros algozes. Amigos e familiares acreditam na possibilidade de crime encomendado por gente poderosa descontente com as transgressões de Pasolini em sua vida e em seu cinema.
Pasolini
De Abel Ferrara. Drama, França/Bélgica/Itália, 2014, 84min. Estreia quinta-feira nos cinemas.
Cotação: três estrelas de cinco
"Mamma Roma" em cartaz
O projeto Clássica traz de volta aos cinemas na quinta-feira, com cópia restaurada e projeção digital de alta performance, um dos títulos mais importantes de Pasolini. Em Mamma Roma (1962), Anna Magnani, grande diva do neorrealismo, vive a personagem-título, uma prostituta que busca recomeçar a vida como vendedora de frutas. Seu filho adolescente, porém, deixa-se levar pela criminalidade que os cerca. Pasolini emoldura a saga de Mamma Roma evocando suas influências neorrealistas.
Em tom de crítica política e social, espelha na protagonista o processo de transformação econômica da Itália após a II Guerra Mundial. Mamma Roma entra em cartaz nesta semana no Espaço Itaú. Há uma sessão de pré-estreia nesta terça, às 19h40min, no Espaço Itaú 5.