
Pode parecer estranho e mesmo surpreendente para boa parte do público, mas As Sufragistas (2015) mostra como o Reino Unido estava brutalmente cindido no começo do século 20 a respeito de um direito civil básico: o acesso das mulheres ao voto. Os letreiros no final do filme dirigido por Sarah Gavron, porém, não deixam dúvidas quanto à atualidade do tema: se no Brasil o sufrágio feminino está garantido desde 1932, só agora em 2015 as mulheres começaram a votar na Arábia Saudita - não esquecendo países ocidentais ditos progressistas, como a Suíça, que legalizou esse direito apenas em 1971. As Sufragistas recupera essa luta de militantes pioneiras que, a partir do final dos 1800, enfrentaram o descrédito e mesmo a violenta oposição do governo e da sociedade com relação às demandas femininas por cidadania.
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O longa em cartaz na Capital é ambientado na Londres de 1912, quando o movimento sufragista britânico decidiu abandonar a estratégia de décadas de manifestações pacíficas e passou a atuar de maneira mais incisiva, quebrando vidraças e explodindo caixas de correio a fim de chamar a atenção das autoridades e da imprensa para a causa.
A jovem mãe Maud Watts (Carey Mulligan), empregada desde a infância em uma lavanderia industrial, acaba tomando contato por acaso com esse grupo de mulheres, graças a uma colega de trabalho. Por intermédio de Violet Miller (Anne-Marie Duff), a garota aos poucos vai conhecendo militantes como a farmacêutica Edith Ellyn (Helena Bonham Carter) e a líder e oradora Emmeline Pankhurst (Meryl Streep).
Gradativamente e, a princípio, de forma involuntária, Maud torna-se uma figura de destaque no movimento - para a contrariedade do patrão e do marido Sonny (Ben Whishaw) e chamando a atenção da inteligência policial, chefiada pelo inspetor Arthur Steed (Brendan Gleeson).
Abi Morgan, roteirista de A Dama de Ferro (2011), disse que ficou chocada ao ler os diários e relatos dos arquivos da polícia, que monitorava as atividades do movimento, antes de escrever a história: "São mulheres como as do Pussy Riot na Rússia e a paquistanesa Malala", comparou a escritora galesa no material de divulgação do filme. Já para a atriz americana Meryl Streep, que aparece brevemente em cena como a ativista política inglesa Emmeline Pankhurst (1858 - 1928), esse drama histórico chega em boa hora: "É o primeiro filme de direitos humanos que fala sobre o movimento sufragista britânico. Para uma plateia de mulheres jovens, acho que nosso filme será revelador".
Um dos méritos de produção de As Sufragistas é a recriação de época, que revela em detalhes as condições de trabalho e de moradia precárias e embrutecedoras impostas às populações proletárias britânicas, que viviam na segunda década do século 20 ainda da mesma forma que os personagens desafortunados dos romances de Charles Dickens. Outro destaque do filme é a atuação da bela Carey Mulligan, atriz que tem brilhado em títulos como Shame (2011), O Grande Gatsby (2013) e Inside Llewyn Davis: Balada de um Homem Comum (2013). Em As Sufragistas, a inglesa empresta verossimilhança ao arco dramático percorrido por sua personagem - da passividade à revolta.
As sufragistas - De Sarah Gavron
Drama, classificação não indicada (Suffragette). De Sarah Gavron. Grã-Bretanha, 2015, 106min. No início do século 20, grupo de feministas britânicas batalha por igualdade. Com Carey Mulligan. Cotação: 3 de 5 estrelas
Horários desta quinta-feira:
Cinemark Barra 8 (17h05, 20h, 22h25)
Espaço Itaú 1 (14h30, 17h, 19h20, 21h30)
GNC Moinhos 2 (14h, 16h30, 21h40)
Guion Center 1 (14h30, 16h30, 18h30, 20h30)