
Vasco Prado (1914 - 1998) está entre os maiores nomes da arte gaúcha, os mais consolidados referenciais artísticos do Rio Grande do Sul no século 20. Como escultor, foi um dos principais responsáveis pela implantação e afirmação do modernismo no sul do país, reconhecimento esse obtido ainda em vida, ao longo de uma celebrada trajetória.
Contudo, desde a morte de Vasco, poucas têm sido as oportunidades de se rever a dimensão e o legado de sua obra. No ano passado, o centenário de nascimento passou sem celebrações à altura de um dos mais importantes artistas do Estado. Uma homenagem chega agora com a exposição A Escultura em Traço, que tem inauguração nesta terça-feira (15/12), às 19h, para convidados e abertura ao público quarta-feira (16/12), no Santander Cultural.
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A Vendedora de Flores, 1972

Planejado há dois anos para ser apresentado no centenário, o projeto acabou adiado, mas manteve a ideia inicial de mostrar o artista não por sua tão afamada escultura, mas por seus desenhos. A Escultura em Traço reúne mais de 90 trabalhos produzidos a partir dos anos 1950, oferecendo uma visão do percurso do artista. Há desde estudos para esculturas e obras públicas (Vasco é autor, por exemplo, do mural Revolução Farroupilha na Assembleia Legislativa) até desenhos realizados como obras autônomas.
- Mostrar os desenhos não é uma leitura inédita, mas oferece um modo diferente de vermos a produção de Vasco, que tinha a escultura como ofício - diz o curador da mostra, Paulo Amaral, atual diretor do Margs.
Sem título, 1972

Hábil artesão, Vasco esculpiu em bronze, pedra, madeira e terracota, mas também trabalhou com desenvoltura em desenho, xilogravura e gravura em metal. Em toda a sua produção, manteve o interesse por referências desde a arte rupestre até os grandes mestres modernos, como as superfícies vazadas do inglês Henry Moore, as anatomias sensuais do francês Aristide Maillol, as formas arredondadas do romeno Constantin Brancusi e do alemão Jean Arp e os cavalos e cavaleiros do italiano Marino Marini.
Conferindo um aspecto ancestral e arcaico a sua produção, Vasco fez dos cavalos, dos cavaleiros, das lendas gaúchas, dos nus femininos e dos casais enamorados seus temas e suas figuras centrais. E, ao colocar em diálogo a cultural regional e a tradição da arte ocidental, tornou-se um intérprete da alma gaúcha com sotaque universal.
Nos trabalhos agora reunidos no Santander Cultural, é possível notar o quanto o desenho está implicado em sua escultura - e vice-versa. Em alguns, percebe-se o gosto pela linha e pela simplificação das formas. Em outros, ao contrário, destaca-se a sugestão de volume na construção das figuras, obtido pela habilidade nos jogos de sombra e luminosidade. É como se esses desenhos fossem eles próprios uma espécie de escultura.
- Em Vasco, o desenho é a alma de sua escultura - afirma Amaral.
Vasco Prado - A Escultura em Traço
Abertura terça-feira (15/12), às 19h, para convidados.
Visitação a partir de quarta-feira (16/12), de terça a sábado, das 10h às 19h, e domingo e feriado, das 13h às 19h. Até 28 de fevereiro. Gratuito.
Santander Cultural (Praça da Alfândega, s/nº), em Porto Alegre, fone (51) 3287-5500.
A exposição: apresenta o percurso do artista gaúcho Vasco Prado a partir de sua produção em desenho realizada desde os anos 1950.
Sem título, 1965
