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A iniciação artística de Carol Castro foi no teatro, quando tinha apenas nove anos, incentivada pelo pai, o ator e diretor Luca de Castro. Talvez por isso, ao longo desses 13 anos de carreira na TV, a carioca - que completará 32 anos no próximo dia 10 - valorize processos de criação mais artesanais. E foi justamente essa característica que a encantou ao começar a estudar os traços de Iolanda, sua personagem na primeira fase de Velho Chico.
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Cantora de bar de Salvador, ela é o grande amor de Afrânio (Rodrigo Santoro/Antonio Fagundes), mas a morte do pai dele e o casamento forçado do jovem fazendeiro com a sertaneja Leonor (Marina Nery) faz com que os dois se afastem. Na segunda fase, que começa no 24 capítulo, a personagem passa a ser vivida por Christiane Torloni.
Na entrevista a seguir, Carol conta um pouco mais sobre Iolanda e fala sobre o que espera de seus futuros personagens na televisão.
Como surgiu a possibilidade de trabalhar em Velho Chico?
Fui chamada para fazer um teste e passei na avaliação. Dali, fui para uma preparação no galpão do Luiz Fernando Carvalho (diretor), no Projac (central de estúdios da Globo, em Curicica, na Zona Oeste do Rio de Janeiro), por um pouco mais de 30 dias. Foi um processo muito emocionante, mágico e importante para meu aprendizado nessa novela.
O que de tão mágico e emocionante você viveu nesse processo?
É teatro e cinema na televisão! Era um sonho antigo trabalhar com o Luiz Fernando Carvalho e estou bem feliz por fazer parte desse projeto lindo e realizar, enfim, esse desejo. Tudo que o Luiz faz tem um toque de sutileza, de brasilidade e de originalidade. E estou bem feliz com minha personagem, a Iolanda.
Fale mais sobre a Iolanda então...
Ela é uma mulher de temperamento forte, mas muito amorosa. Corre atrás dos sonhos dela, é independente. A novela começa no final dos anos 1960, então representa a Tropicália na Bahia e toda a efervescência cultural dessa época. Tem também um romance forte com o Afrânio. Mas que passa por diversos momentos, porque acontece uma série de coisas que fazem com que eles se separem.
E como fica esse sentimento com a separação?
A Iolanda acredita nos mistérios da vida e sabe que eles vão se reencontrar um dia. Ela entende que o amor é mais forte. É uma personagem de muitas nuances, que está sempre entre a delicadeza e essa força romântica. Mas ela tem uns contrapontos bacanas também. Na segunda fase, quem assume é a Christiane Torloni.
Como foi o contato de vocês duas?
A gente trabalhou bastante junto, no galpão do Luiz Fernando. Mas agora eu estou gravando direto, porque a novela já vai estrear, e ela está ainda nos trabalhos no galpão, já que a segunda fase ainda leva um tempo para ser exibida.
Vocês chegaram a viajar pelo Nordeste para as gravações. Como foi essa experiência?
Só gravei no interior da Bahia, rapidamente. Minhas cenas são mais no Projac mesmo. Mas a gente vivenciou tudo, vimos muitos vídeos e pesquisamos bastante. É uma energia muito forte nossa nesse trabalho, que é um resgate de um Brasil que foi se perdendo - algo que o Benedito Ruy Barbosa faz muito bem. Aliás, atuar em um texto concebido por ele é outro sonho que se realiza na minha carreira.
Velho Chico trabalha um lado mais lúdico do que o realismo que tem sido visto frequentemente na faixa das 21h da Globo. Como você encarou essa diferença?
É tudo muito prazeroso. A gente sente que está fazendo poesia em forma de imagem. E trabalhar com o Luiz Fernando Carvalho é isso mesmo, todo mundo unido em prol de um único resultado. Formamos uma célula artística em que o esforço de todos se torna uma coisa só. Perto do Natal, tivemos um amigo oculto na equipe que reuniu umas 200 pessoas!
Hoje, às vésperas de completar 32 anos, que tipos de papéis você gostaria de interpretar na televisão?
Ah, eu quero fazer muitas personagens ainda. Adoraria fazer uma manca, caolha, drogada, louca, retirante, paraplégica, cega, uma série de papéis. Não tenho a menor vaidade em relação a isso! Vim do teatro e meu pai é ator. Já cresci nesse meio, admirando os artistas e a arte, tenho muito amor ao meu ofício. É muito bom ter seu trabalho reconhecido, é bem melhor do que ser famoso. O que almejo é me aperfeiçoar como atriz e ser humano.
*Márcio Gonçalves