Gustavo Brigatti
Sou um gamer acumulador. Confesso. Se um dia o Discovery quiser fazer um programa só com gente que passa horas acumulando itens em jogos de videogame, pode contar comigo para mostrar meus baús, cofres e afins abarrotados de porcarias inúteis.
Mas não acumulo apenas itens "físicos". Tenho tara absoluta por fazer a limpa nos cenários de jogos que inundam a tela com coisas do tipo moedinhas.
EU PRECISO PEGAR TODAS AS MOEDINHAS. SEMPRE.
Daí dá para imaginar o tamanho do meu transtorno ao jogar qualquer título da linha Lego. Se você jogou um, jogou todos, claro. Dos primeiros Star Wars, passando pelos Harry Potter, Indiana Jones e super-heróis da Marvel, um dos grandes atrativos dos games dos brinquedinhos de montar é _ além de desmontar e montar _ acumular pecinhas. Aquelas pecinhas redondinhas, prateadas, douradas, azuis e roxas, que ficam virando no próprio eixo por TODO O CENÁRIO. O que significa que...
EU PRECISO PEGAR TODAS AS PECINHAS. SEMPRE.
Há coisa de duas semanas estou jogando o capítulo mais recente da franquia, Star Wars _ O Despertar da Força, para XBox One. Trabalho fabuloso da Traveller's Tales com distribuição da Warner Games, o game une ação, aventura e humor num único e bem bonito pacote, embrulhado com papel laminado e uma fita colorida. Quer dizer, só estando morto por dentro para não curtir a recriação do filme na versão Lego _ o que significa menos violência e mais graça, exatamente a que se propões a série. E muito itens para coletar. Muitos. Além de pecinhas para acumular. MUITAS. PECINHAS.
Embora seja centrado em O Despertar da Força, retomada do monstro de George Lucas pela Disney lançado no final do ano passado, o jogo começam com os momentos finais de O Retorno de Jedi, último filme da chamada trilogia original, de 1983. Acompanhamos, então, a vitória da Rebelião, a redenção de Darth Vader e a derrocada do Império _ forças que irão reaparecer na sequência, quando O Despertar... começa pra valer seguindo exatamente sua base cinematográfica, ampliando os cenários para dar conta da ação.
Aí está um dos méritos do jogo: oferecer ao jogador e eventual fã do filme a possibilidade de explorar um cenário que, por vezes, foi apenas mencionado no cinema. É delicioso sair vagando pelo deserto de Jakku ou dar um rolê mais demorado pelos arredores do castelo de Maz Kanata. Especialmente porque é nessas caminhadas que o jogador pode coletar itens especiais que abrirão novas oportunidades de jogo mais adiante _ além de, claro, acumular o máximo de PECINHAS para também abrir novas oportunidades depois.
Os puzzles são barbadas e não há grandes desafios _ o que é bem óbvio para quem acompanha a série. O grande lance da franquia Lego nos games sempre foi, acima de tudo, divertir de maneira leve e despretensiosa. Talvez não tão despretensiosa no caso de gente acumuladora como eu, claro, mas daí... bom, cada um com os seus problemas. E com as suas soluções. No meu caso, a única solução é, de fato, passar a maior parte do tempo quebrando o cenário para achar mais PECINHAS. E por que? Porque...
EU PRECISO PEGAR TODAS AS PECINHAS. SEMPRE.