Não é segredo que, ao lado dos filmes de super-heróis, o gênero do terror é um dos responsáveis por sustentar a máquina de Hollywood desde a virada do século. E o lançamento da mistura de remake com reboot e continuação de Bruxa de Blair, em cartaz a partir desta quinta, prova que essa engrenagem ainda não encontrou seu ponto de fadiga.
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Somente este ano, pelo menos três longas-metragens baseados em sustos, correria e gritos fizeram bonito nas bilheterias. Mas ao contrário dos filmes baseados em quadrinhos, os filmes de terror não contam com orçamentos milionários e nomes que naturalmente arrastam multidões às salas de projeção – o que os tornam ainda mais valiosos para os grandes estúdios.
Um dos multiplicadores de dólares mais queridos atualmente é o uruguaio Fede Alvarez. Em 2013, gastou US$ 17 milhões para refazer o clássico A morte do demônio, que rendeu quase US$ 100 milhões em todo o mundo. Este ano, repetiu a dose em O homem nas trevas, e com menos dinheiro ainda: gastou US$ 10 milhões para, em menos de um mês, arrecadar US$ 67 milhões nos EUA.
Quando as luzes se apagam, do estreante David F. Sandberg, foi ainda mais impressionante. Lançado no dia 22 de julho, precisou de menos de US$ 5 milhões para ser produzido e já amealhou mais de US$ 140 milhões no mundo. Um dos seus segredos, no entanto, está no toque de Midas de James Wan e sua produtora, a Atomic Monster.
Realizador australiano de 39 anos, Wan está há uma década tirando dólares de pedra. Em 2004, inaugurou o torture porn com a franquia Jogos mortais – que até 2010 rendeu mais de US$ 800 milhões. Três anos depois, fundou a Atomic Monster e iniciou outra série de sucesso, Invocação do mal.
Considerado revolucionário pela crítica, o primeiro filme precisou de US$ 20 milhões para render mais de US$ 300 milhões. Sua sequência, lançada em junho deste ano, também não fez feio: gastou US$ 40 milhões e levou para casa US$ 320 milhões. É da Atomic Monster outro arrasa-quarteirão, Annabelle, spin-off de Invocação do mal que reverteu os US$ 6,5 milhões gastos em sua produção em US$ 256 milhões de lucro.
Brasileiros não assistem a produções locais de terror
Os espectadores brasileiros seguem a preferência global pelos filmes de horror, mas pouco prestigiam as produções locais do gênero. É verdade que o investimento nesse segmento é tímido, mas o terror nacional tem apresentado nos últimos anos títulos interessantes praticamente ignorados pelas distribuidoras e, em consequência, pelo público.
Um exemplo recente é O diabo mora aqui, de Dante Vescio e Rodrigo Gasparini, lançado em julho e jogado no circuito com zero divulgação – em Porto Alegre, ganhou apenas um horário diário no Espaço Itaú. Elogiado pela crítica, conta a história de quatro jovens que vão passar uma temporada em uma casa de campo, onde encaram um espírito vingativo. Cabe destacar ainda o diretor capixaba Rodrigo Aragão, autor de filmes como Mar negro (2013), que, em vez de repetir fórmulas importadas, investe em mitos e lendas do folclore brasileiro para tocar o terror.