
As escadas do monumento a Júlio de Castilhos, no centro da Praça da Matriz, tornaram-se palco por algumas horas na tarde desta quinta-feira. Um ato pacífico reuniu artistas e intelectuais no local para protestar contra o projeto do governo estadual que prevê a extinção da Fundação Piratini, gestora da TVE e da FM Cultura, e de outras instituições.
Artistas como Dudu Sperb, Marisa Rotenberg e Egisto Dal Santo tocaram canções antes da divulgação do documento Declaração de Calamidade Cultural, lido pelo professor Francisco Marshall e assinado pelo público presente. Cerca de 200 pessoas ocupavam a praça.
– Não importa o tamanho do público. O que importa é que estejam presentes as pessoas certas. Este é um ato que representa a comunidade cultural e artística – afirmou Bebeto Alves, antes de tocar Depois da chuva ao violão.

"Recusamos o projeto que, a título de economizar, quer jogar fora a lenta e laboriosa construção dos valores mais caros a uma civilização consciente de seu papel no mundo", diz o documento lido por Marshall. "Sabemos que a cultura e o conhecimento ampliam possibilidades e que negar seu valor é movimento catastrófico", dizia outro trecho.
– O que reduz a violência não é camburão, cassetete e polícia, é arte e cultura – disse Marshall.

O ato teve início às 12h e se estendeu até as 15h, com a presença de figuras como a artista plástica Zoravia Bettiol e os músicos Antonio Villeroy e Yanto Laitano. Às 13h30min, o grupo foi até a frente do Palácio Piratini, onde gritou em coro a frase "Resistimos e declaramos calamidade cultural no RS". Mais manifestações como essa, organizada espontaneamente pela comunidade cultural, estão previstas para os próximos dias, assegurou Marshall:
– As fundações que estão para ser extintas representam 0,4% ou 0,8% dos gastos do Estado. Elas não podem ser o bode expiatório para o governo tentar mostrar que está fazendo alguma coisa.