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Pela segunda vez, Vanderlei Luxemburgo estende a mão a Anderso Pico. A primeira, em 2012, no Grêmio, não foi bem aproveitada. A segunda dá-se agora, no Flamengo. No Rio, ao lado da mulher e dos dois filhos, o lateral-esquerdo tenta retomar uma carreira que, admite, foi atrapalhada pela falta de profissionalismo.
Como surgiu o convite para jogar no Flamengo?
Estava parado há quatro meses em Porto Alegre, um pouco desgostoso das coisas. Aí, pedi o telefone dele (Luxemburgo) a um amigo. Mandei mensagem pedindo ajuda. Agradeci por tudo o que ele tinha feito por mim no Grêmio. As pessoas achavam que a gente tinha brigado.
Ele respondeu?
Só falei com ele no dia de minha apresentação no Flamengo (5 de setembro). Mas recebi a autorização de uma pessoa para começar a trabalhar em uma academia no Rio. E viajei para cá, para tentar a sorte.
Já viajou com contrato assinado?
Nada disso. Viajei de ônibus. Foram 25, 26 horas de viagem. Treinava todos os turnos, 6 da manhã, 7 da manhã. Só tive um domingo de folga em dois meses. Tinha que melhorar a parte física para poder assinar. Morei na casa de um amigo, para não gastar com hotel.
Quantos quilos perdeu desde a chegada ao Rio?
Foram 14, estou no peso ideal.
E qual é o peso ideal?
Não gosto de falar, mas é o mesmo do tempo do Grêmio.
O que mais atrapalhou sua carreira?
Não tenho porque esconder, não fui profissional. Me deslumbrei com algumas coisas. Me deixei levar por falsas amizades. Muita noite, muita bebida. As consequências vieram. Não cuidar do peso foi crucial. Não quero mais isso para mim. Vou valorizar a família e os amigos. São poucos os que estão comigo nas horas boas e ruins.
Arrepende-se de muita coisa?
Fiz muita coisa errada. Fiquei quatro meses desempregado, não posso jogar a carreira fora com 25 anos. Disseram que eu iria me perder vindo para o Rio. Mas não vejo assim, estou feliz com minha família.
O que Luxemburgo tem lhe dito?
Ele foi bem incisivo comigo. Disse que o medo dele é quando eu entrar em férias. Prometi que vou virar outro Anderson. Não falo isso só da boca para fora. Eles estão vendo minha dedicação.
Como foi voltar a jogar depois de tanto tempo (a estreia pelo Flamengo foi na vitória por 3 a 0 contra o Cruzeiro)?
É uma coisa que não tem explicação. Sou cria do Grêmio, mas a torcida do Flamengo também é fantástica. Parte do dever está cumprido.