A palavra garfear existe em espanhol, não em português.
Por determinismos de geografia e idioma, nós, gaúchos, a aplicamos frequentemente para dizer que o garfo nos subtraiu algo.
Pois encho a boca e digo: sim, o Grêmio foi garfeado!
Não só no jogo em que o juiz consultou o corintiano autor do pênalti para saber se ele colocara a mão na bola. O foi também quando um jogador do São Paulo atrasou para o goleiro, e Barcos faria o gol - o árbitro assinalou impedimento, ou por ignorar a regra, ou por motivo mais grave a ser considerado. E contra o Palmeiras? O mesmo Barcos nem encostou no adversário e foi expulso por falta que resultou no empate palmeirense seguido da vitória com um jogador a mais.
São erros que se acumularam contra o tricolor e o tiraram, com o garfo, da Libertadores de 2015. Nos últimos jogos, o Grêmio foi o único time a não contar com gols contra, em impedimento ou nos minutos de acréscimo. Não me sinto derrotado. Sinto-me injustiçado.
Assim como se sente o Felipão. O Big Phill se passou nas palavras domingo à noite, é certo. Racismo é crime, e homofobia um dia será - escrevi Coligay - Tricolor e de Todas as Cores e aprendi, com meu livro, quão repugnante é qualquer preconceito. Mas entendi Felipão quando, sob justificada raiva, disse que não há democracia no Brasil porque o cara se vê impedido de falar sobre cor, sexo etc.
Felipão tem lá seus defeitos, mas o racismo não é um deles. Referia-se à moda de se criticar quem reclama da arbitragem. Ora, o cara não tem o direito de reclamar. Tem o dever! Futebol mexe com dinheiro, com carreiras e com a paixão de milhões. Erros não podem ser do jogo, como sustentam. Digo aos colorados: quando Tinga sofreu pênalti e foi expulso por simular falta em 2005 (contra o Corinthians!), me condoí pela sua expressão de revolta.
Por isso, defendo monitores que evitem erros como aquele do juiz argentino Javier Castrilli no Paulistão de 1998, quando foi dado pênalti contra a Portuguesa, que lhe custou a classificação para as finais. Puxa, também era contra o Corinthians! Aliás, a Portuguesa chafurda no inferno por ter caído para a Série B ao inscrever mal um jogador. Outro clube fez algo do gênero neste Brasileirão, com o meia Petros, e ficou por isso mesmo. Deixa eu ver... Ah, claro, de novo o Corinthians. Eta clube de sorte!
A propósito de Petros, ainda haverá recurso no STJD. Mas, ora, o Corinthians sabe se defender. Minha curiosidade é: aquele auditor que condenou o Grêmio pelo racismo de alguns imbecis na Arena e que depois foi flagrado ele próprio em posts racistas no Facebook estará lá para julgar? Onde ele anda?
Que ano! No Réveillon, vou pedir brinde por um 2015 melhor. Baterei levemente na taça de champanha. Com o garfo, para simbolizar 2014, o ano que passou.
Leia outros textos da coluna De Fora da Área