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Favorável aos testes que a Fifa pretende realizar em partidas de futebol, utilizando imagens para esclarecer lances polêmicos, a Comissão de Arbitragem da CBF pode utilizar a novidade já no Campeonato Brasileiro deste ano. A proposta será apresentada em reunião esta semana com os clubes que disputarão o campeonato. Sérgio Corrêa, presidente da comissão, irá anunciar que, se for de interesse dos times e a Fifa autorizar, poderá implementar o árbitro de vídeo no segundo turno das Séries A e B.
A consulta a vídeos poderá ocorrer em quatro situações: em lances de gol possivelmente irregulares, em dúvidas sobre pênaltis, em casos de expulsões equivocadas e quando jogadores recebem cartões indevidos.
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- O árbitro de vídeo vai informar o árbitro central de situações claras. Os grandes lances terão possibilidades de ser corrigidos. Outra vantagem é que os jogadores saberão que estarão sendo monitorados, vão se cuidar mais. Participamos de uma mudança gigantesca no futebol, que ajudará a melhorar o espetáculo - argumenta Corrêa.
A utilização definitiva de imagens, porém, não será imediata. A Fifa é prudente e teme prejuízos ao espetáculo. Gianni Infantino, novo presidente da entidade que comanda o futebol, fala que "proteger o fluxo do jogo é crucial". Pelo cronograma, até agosto será organizado o protocolo para a introdução do auxílio por vídeos. A partir daí, podem começar os testes, que serão realizados durante dois anos. Só depois dessas experiências que o uso de imagens seria oficializado.
Ex-árbitros da Fifa e comentaristas de Rede Globo, Leonardo Gaciba e Renato Masiglia garantem que não são contra as novidades, mas ainda estão inseguros quanto à forma de aplicação.
- Acho necessário, até pela velocidade do futebol de hoje em dia, mas precisa ter um cuidado com a forma que vai ser feito, de quando será utilizado (o vídeo) e que continue sendo imparcial, com o mesmo peso para os dois lados - enfatiza Gaciba.
Para Marsiglia, é natural a tentativa de se diminuir os erros. O problema, conforme ele, é que as consultas ao vídeo podem prejudicar a partida.
- Em um jogo, podem ter muitos lances polêmicos. Até que ponto isso não vai quebrar o ritmo, tirar o encanto do futebol. Mas tudo vai ser analisado, serão dois anos de testes, é tempo suficiente.
A decisão de testar o árbitro de vídeo foi tomada no último sábado, em reunião da Fifa e da International Board (órgão que regulamenta as regras do futebol), realizada no País de Gales.
- Tomamos uma decisão histórica. Temos que mostrar que estamos escutando os torcedores, os jogadores e o futebol. Não podemos fechar os olhos para o futuro, para a tecnologia - disse o presidente da Fifa.
DETALHE
No lance polêmico do Gre-Nal, Anderson Daronco poderia ter sido avisado pelo árbitro de vídeo de que houve um cotovelaço em Bolaños. No entanto, como o árbitro de vídeo não pode interferir em lances interpretativos, ele também poderia achar que não era o caso de acionar Daronco.
QUANDO COMEÇA
Até agosto será feita a organização do protocolo oficial para a introdução do auxílio por vídeo. Depois disso, podem começar os testes, que vão durar dois anos.
OS IMPEDIMENTOS
Se o auxiliar marcar o impedimento e o árbitro confirmar, caso encerrado. No entanto, gols que resultarem de impedimentos não marcados podem ser anulados.
OS PÊNALTIS
O árbitro central poderá tirar dúvida se a bola bateu ou não na mão de um jogador ou se a infração foi cometida dentro ou fora da área.
QUEM PODE PEDIR
Só o árbitro de campo pode solicitar o uso da imagem. Existe ainda a possibilidade de ele ser alertado de algo pelo árbitro de vídeo. Os jogadores e os técnicos não podem pedir o auxílio. Se o árbitro for cercado pelos atletas, a orientação é que eles sejam advertidos. Os assistentes também podem pedir ao árbitro central para que ele revise determinado lance. Em todos o casos, a decisão final sempre será do árbitro de campo.
LOCAL DO VÍDEO
Em princípio, o árbitro de vídeo ficará no campo de jogo, em local demarcado e visível. Porém, jogadores e treinadores não podem entrar nesta área. Se isso ocorrer, serão advertidos com cartões.
QUEM FARÁ AS IMAGENS
Ainda não há uma informação precisa. Inicialmente, os árbitros de vídeo utilizarão as imagens da TV que possui os direitos de transmissão, mas sem o áudio. Não está descartado, no entanto, que a Fifa exija uma geração de imagens independente.
RECURSOS ELETRÔNICOS
Em tese, o árbitro de vídeo não poderá se utilizar de recursos de computação gráfica, tipo as linhas de impedimento. O uso do zoom ou da câmera lenta só será permitido em casos de toque de mão na bola ou se determinado jogador acerta o outro. Esses recursos não podem ser utilizados para avaliar a intensidade de um choque.
QUANDO PEDIR
O árbitro central deverá fazer a solicitação da imagem, imediatamente, após o lance duvidoso. Se a partida foi reiniciada, a consulta não pode mais ocorrer, a menos para casos disciplinares.
TEMPO DE PARADA
A Fifa avisou que não está preocupada com o tempo de parada para se avaliar o vídeo, desde que a decisão tomada seja a correta.
OS ÁRBITROS DE VÍDEO
Serão juízes da ativa. A intenção da Comissão de Arbitragem da CBF é utilizar árbitros experientes, que serão treinados para exercer a função.
*ZHESPORTES