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Nem só de dor de cabeça se faz uma ressaca pós-noitada, mas, também, de montes de lixo. A comemoração da vitória holandesa, a dor de cotovelo australiana e a celebração porto-alegrense resultou no acúmulo de garrafas e copos na Cidade Baixa, em Porto Alegre, na madrugada desta quinta-feira. A movimentação na região na noite passada - que chegou a ter trecho da Rua Lima e Silva bloqueado em função do acúmulo de gente - foi na mesma proporção da sujeira: grande. Porém, durante a manhã, garis já trabalhavam na limpeza da área.
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Conforme o diretor-geral do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), André Carús, a operação foi reforçada durante o Mundial nos principais pontos de circulação de pessoas: Cidade Baixa, Rua Padre Chagas, fan fest e imediações do Beira-Rio. Na Cidade Baixa, a coleta seletiva para estabelecimentos comerciais foi ampliada também para as tardes de segundas, quartas e sextas-feiras. As equipes de varrição nas regiões onde se concentram as festas também foram reforçadas durante a madrugada. Somente para a Copa, 60 garis foram destacados, exclusivamente, para atuar no chamado Caminho do Gol, que vai do Centro ao Estádio Beira-Rio.
- A cidade sempre amanhece limpa, essa é uma garantia que eu dou. Há uma dedicação especial na Cidade Baixa, assim como na Padre Chagas, em função da Copa. Não há nenhuma negligência. Na fan fest e no entorno do Beira-Rio, não ficam pessoas até o amanhecer, mas não é a mesma característica da Cidade Baixa, que requer um cuidado especial porque os bares permanecem abertos e as pessoas aproveitam até mais tarde - explica Carús.
A estimativa do DMLU é que, desde o início do Mundial, 30 toneladas de lixo tenham sido geradas a mais por cada dia com a presença de turistas na cidade. Ainda na madrugada, Zero Hora flagrou parte desse montante. Por volta das 5h, garis já trabalhavam em meio aos boêmios que esticaram a noite até o amanhecer. Dezenas de sacos de lixo se acumulavam nas calçadas, e o cheiro de urina e cerveja era forte. O despejo de bebidas alcoólicas deixou o asfalto pegajoso, dando a sensação de que a sola do sapato grudaria no chão. Carús explica que, para eliminar o problema, é necessária uma outra operação: a lavagem com caminhão munido de jato d'água:
- Essa lavagem só é executada durante a madrugada ou a noite, e ontem a aglomeração de pessoas era muito grande, deixando a equipe quase impossibilitada de fazer o serviço. De hoje a domingo, o movimento deverá ser menor, então escolheremos uma noite para realizar a limpeza dos logradouros.
Maior prejudicada com a sujeira, a população da Cidade Baixa encara os efeitos da festa pós-Copa nesta quinta-feira. A moradora da Rua João Alfredo Anne Cardo, 29 anos, aponta um problema recorrente e não exclusivo da região:
- A Lima, sim, bastante suja. Parece que não têm lixeiras suficientes para comportar tanto lixo.
E as multas para o descarte irregular de lixo, em vigor desde abril na Capital? Os agentes do DMLU, que atuam, por enquanto, no Centro Histórico, Cidade Baixa, Moinhos de Vento e Menino Deus, ainda não têm um balanço oficial de infrações aplicadas durante o Mundial - mas um levantamento deve sair na próxima segunda-feira. Até lá, o diretor-geral do departamento já aponta uma realidade no que diz respeito aos turistas:
- Até podemos multar um estrangeiro e identificá-lo, mas, depois, a única forma de localizá-lo é através da Polícia Federal.
Jogar um copo plástico ou um cigarro no chão é infração considerada leve, com multa de R$ 263. Já se um bar ou restaurante descartar lixo seco dentro de um contêiner - destinado aos resíduos orgânicos - é considerado grave, com penalidade superior a R$ 2 mil.
- Os agentes de fiscalização estão mais preocupados com o comportamento dos estabelecimentos comerciais, porque os visitantes têm um postura mais ordeira e respeitosa, e os próprios moradores da cidade também. Há uma atenção maior para que os estabelecimentos respeitem os dias e horários de descarte - conclui Carús.