Ao chegar à abertura da Copa do Mundo, na Arena Corinthians, no próximo dia 12, o torcedor será recebido por uma fileira de homens e mulheres de camisetas coloridas, sorrisos largos e duas mãos ocupadas - uma delas coberta por uma luva gigante para apontar a direção correta; outra presa a um megafone, por onde vozes e idiomas se misturarão para lembrar que, embora bem-vindos, todos devem ter o ingresso em mãos. A cena se repetirá - não é exagero - por dez vezes num trajeto de 500 metros.
Não é exercício de futurologia. O Comitê Organizador Local organizou nesta quarta-feira, dia 4, uma simulação de como será a experiência do torcedor na sede paulista, com destaque para as atuações dos voluntários, que estarão presentes em todas as áreas, do lazer à arquibancada. Serão, de acordo com a FIFA, cerca de 450 nos arredores do estádio. Coordenados por 23 gestores assalariados, eles indicarão os assentos corretos, os caminhos, os centros de alimentação e compras, bem como auxiliarão pessoas com deficiência, checarão ingressos e guiarão turistas.
Na tarde em que o tour ocorreu, alguns até se arriscaram como atores para mostrar aos jornalistas como tudo funcionará. A parte cômica ocorreu na demonstração de que, como consta no estatuto da FIFA, todos os seres humanos, inclusive crianças de colo, deverão portar seus próprios ingressos. O ato durou um minuto. Uma mulher entrou com uma boneca enrolado no cobertor e, de mão direita erguida, mostrou os dois ingressos a todos. A cara de interrogação foi geral.
Humores à parte, o evento serviu para mostrar que a mobilidade, grande preocupação do paulistano para a Copa, parece ter sido bem solucionada. Nos dias de jogo, o metrô contará com operações especiais que encurtam a viagem ao estádio, alocado numa área isolada dos centros comerciais. Serão duas entradas na Arena Corinthians: a Oeste e a Leste. Quem desembarcar numa estação da Oeste (Artur Alvim), não conseguirá adentrar a parte Leste (Itaquera), e vice-versa.
Todos os membros do COL frisaram a extrema importância do torcedor se orientar antes de sair de casa. O entorno do estádio fechará seis horas antes da partida. Depois disso, apenas quem tem o ingresso ou credencial poderá trafegar por lá. Por mais que o número seja controlado, o tráfego de pessoas e comerciantes autorizados será enorme. Um erro de entrada pode significar um atraso considerável.
Quase pronto
O evento serviu, também, para mostrar que o estádio está pronto-mas-nem-tanto. Faltam alguns detalhes cruciais, como a arquibancada provisória. Parte menos bem acabada do estádio, a estrutura contava, na mesma tarde, com diversos operários realizando testes de peso e acertando o apoio para copos. Em entrevista coletiva no fim do evento, Tiago Paes, gerente de operações do COL, afirmou que em mais dois dias de trabalho de "quase 24 horas" dos funcionários tudo estará pronto. É o mesmo prazo para terminar a área de imprensa. Tá tudo no caminho certo, disse.
Segurança
Outro temor que não é mais uma apreensão - ao menos para os organizadores - são os possíveis problemas de segurança das construções. Depois dos acidentes que ocasionaram nas mortes de três funcionários, houve uma marcação mais cerrada do Ministério Público do Trabalho e de outros órgão responsáveis por checar as questões técnicas das obras do estádio. Alguns comentaristas sugeriam que a pressa poderia causar transtornos graves na abertura. Segundo Paes, depois da rotina de testes, não há nenhum perigo de acidentes.
- Bombeiros têm feito trabalhos diários aqui no estádio. Não há risco de imprevistos. Está tudo certo. Até sexta terminamos tudo. - declarou.
Pronto, mas nem tanto
Arena Corinthians está 99,9% pronta para a Copa
Ainda faltam alguns detalhes a serem finalizados no estádio da abertura do mundial; operários, comitês e voluntários correm para acertar o que resta
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