
Depois do impasse sobre quem seria o responsável pelo destino das caliças e materiais que sobraram da reforma no Estádio Beira-Rio, a área começou a ser compactada há cerca de dez dias. O Inter e a prefeitura de Porto Alegre se dividiram para limpar o local, que sediará um estacionamento com capacidade para 1,4 mil veículos - 900 vagas serão sobre o entulho compactado.
Enquanto o clube ficou responsável por terraplanar o entulho, em uma área ao nível da Avenida Edvaldo Pereira Paiva, o time de José Fortunati cuidou da pavimentação mais próxima à Avenida Padre Cacique. As duas têm um desnível de quase quatro metros.
A solução encontrada é provisória e leva em conta o reaproveitamento dos entulhos. Depois será realizado o paisagismo da área, explica Emídio Ferreira, engenheiro especialista em solos contratado pelo clube.
- Colocamos grama entre a área compactada e a área asfaltada para evitar deslizamentos e fazer a drenagem. Essa solução provisória pode durar até um ou dois anos - explica.
Veja como foi realizada a compactação
Inter terá central de resíduos sólidos própria
Uma novidade na gestão ambiental do Beira-Rio é que, a partir do Mundial, a casa do time colorado passará a ter uma central própria para o gerenciamento de resíduos, com separação e acomodação do lixo reciclável e não reciclável. Com isso, explica o técnico em segurança do trabalho e meio ambiente Eduardo Braganholo, cerca de 3 mil toneladas de resíduos como papel, papelão e plástico serão acondicionados nas baias após cada jogo. Internamente, durante os jogos da Copa do Mundo, os dejetos gerados no interior do estádio poderão ser separados pelos torcedores (pelo menos, os mais conscientes) em sacos plásticos verde (o lixo reciclável) e cinza (o não reciclável).
Revitalização de praças e neutralização de carbono
Melhorias em áreas verdes como o Parque Marinha do Brasil e a Praça Isabel, a Católica, são o principal legado da Copa à questão ambiental, segundo a Secretaria do Meio Ambiente (Smam). Localizada entre as avenidas Borges de Medeiros, Praia de Belas e Aureliano de Figueiredo Pinto, no Caminho do Gol, a praça foi reurbanizada e recebeu intervenções na pavimentação, instalação de rampas de acessibilidade, piso, novos bancos com encosto, mesas de damas, lixeiras metálicas e novos brinquedos. Mudanças como essas foram feitas em outras 10 praças da cidade para valorizar os espaços verdes, segundo o secretário da pasta, Cláudio Dilda.
- De forma paralela às nossas atividades cotidianas, aumentamos os esforços para deixar ainda mais aprazíveis as áreas verdes, que são características de Porto Alegre - diz Dilda.
Outra ação ambiental durante a Copa será a realização de inventário dos gases de efeito estufa emitidos durante o evento. Em outras palavras, o evento calculá sua pegada ecológica. Todos os gastos energéticos com deslocamentos, por exemplo, terão sua emissão calculada para posterior neutralização - o que, em geral, ocorre por meio do plantio de árvores.
Falta de planejamento incomoda ambientalistas
Em relação às obras da Copa, o arquiteto e biólogo Francisco Milanez entende que a oportunidade poderia ter sido aproveitada para planejar melhorias para a cidade sem a necessidade da derrubada de árvores, como as que foram suprimidas em 2013 para o alargamento da Avenida Edvaldo Perereira Paiva.
- O que é ruim desse tipo de evento é que muito poderia ter sido feito com antecedência, mas como se faz tudo na última hora, se atropela o meio ambiente - afirma.
Milanez considera que a solução encontrada para a alocação dos resíduos da reforma do Beira-Rio foi uma estratégia que levou em conta o reaproveitamento de material sem a necessidade de deslocá-lo até outra região.
Presidente da ONG Fundação Gaia, a ambientalista Lara Lutzemberger acredita que a Copa do Mundo traz uma contribuição em termos de conscientização da sociedade. Para ela, a Copa amplia a percepção sobre o estilo de vida nas cidades e evidencia a falta de planejamento existente no Brasil:
- Vivemos de forma mais intensa os impactos por conta do enorme fluxo de turistas. Ou seja: mais gente, mais trânsito, mais resíduos, mais necessidade de transmissão pelos meios de comunicação