
Parte do lixo orgânico gerado em Porto Alegre durante a Copa do Mundo será transformada em energia para mover o caminhão que realiza a coleta do lixo do evento. A iniciativa faz parte de um projeto que gera gás biometano a partir da decomposição de resíduos orgânicos, chamado GNVerde. Localizada em Montenegro, a usina produz combustível biometano equivalente ao gás natural a partir da transformação de resíduos orgânicos, mas ainda não opera em escala comercial.
O material descartado no Acampamento Farroupilha e na fan fest durante a Copa do Mundo será coletado pelo Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) e separado para envio à unidade de produção do gás mantida pelo Consórcio Verde-Brasil, do qual participam a SulGás, Naturovos e Ecocitrus. O caminhão, fabricado pela empresa Iveco, possui tecnologia e motor especial movido a GNV e será abastecido pelo próprio gás gerado na unidade.
Roberto da Silva Tejadas, diretor-presidente Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul (Sulgás) explica que os experimentos buscam a produção de um gás com alto teor de metano que atenda a especificação técnica exigida pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O projeto gaúcho já conseguiu cumprir com esse requisito, porém, ainda não possui licença para operar a etapa de comercialização.
Representante da Câmara Temática de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Comitê Gestor da Copa RS, Angela Bacchieri diz que o Mundial é uma oportunidade para tratar o assunto de forma sistematizada e dar visibilidade para alternativas energéticas que ajudam a reduzir as emissões de gás carbônico. Segundo ela, o projeto poderá ser uma forma de minimizar os impactos ambientais gerados pelo Mundial - como os deslocamentos aéreos e terrestres de jogadores, comissão técnica, turistas e jornalistas.
- Nosso trabalho é de estímulo e articulação. Não queremos apenas trazer projetos novos, mas fomentar aquelas que já existem. E uma delas é concretizar o inventário de emissões atmosférias - afirma Angela.
A geração de biometano com resíduos da Capital vai acontecer somente no período da Copa. Depois do evento, a unidade, que tem capacidade de gerar 1 mil toneladas de gás por ano, volta a receber apenas os resíduos da região de Montenegro.
Após o teste, a prefeitura estuda utilizar esse combustível na frota de veículos, um plano ainda distante.
- O principal ganho, por enquanto, é ambiental - diz diretor-geral do DMLU André Carús.