
Os gaúchos receberão hoje uma visita tão rara quanto a realização de uma Copa do Mundo no Estado. O rei e a rainha dos Países Baixos, Willem-Alexander e Máxima Zorreguieta, desembarcarão na Capital para assistir ao confronto entre Holanda e Austrália. Discretos, preferiram viajar em caráter não oficial e sem a pompa normalmente reservada a famílias reais.
Willem-Alexander foi investido como rei dos Países Baixos (Holanda e os territórios de Aruba, Curaçao e Saint Maarten) no ano passado. Ao lado da rainha Máxima - plebeia argentina que desfruta de grande popularidade entre os europeus - ele se tornou o primeiro monarca do sexo masculino depois de 123 anos na Holanda.
Willem chegou ao trono aos 46 anos sob aprovação de cerca de 70% da população, e se tornou o primeiro príncipe europeu a assumir o bastão da coroa no século XXI. Fã de esportes e pouco afeito à exposição de sua vida privada, casou-se com Máxima em 2002 e teve três filhas com ela. Máxima, 43 anos, já trabalhou como executiva em Nova York é considerada uma referência da moda na Europa.
Pouco antes da entronização, o holandês afirmou que pretendia ser um "rei do século 21" ao conciliar tradição e modernidade e não se resumir a um "fetichista do protocolo". Seguindo essa linha, conforme a assessoria de imprensa do Palácio Piratini, a família real dispensou qualquer tratamento oficial durante a visita a Porto Alegre.
O rei deverá desembarcar na Capital às 8h45min, vindo da Holanda, e Máxima, por volta das 10h, proveniente dos EUA. Sob proteção da Polícia Federal, ambos seguirão para a casa da cônsul honorária dos Países Baixos, Ingrid de Kroes, no bairro Três Figueiras, de onde sairão diretamente para o Beira-Rio. Lá, vão assistir ao jogo em um camarote VIP ao lado do governador Tarso Genro e de outras autoridades. Depois da partida, o casal encontrará os jogadores holandeses ainda no interior do estádio e, em seguida, rumará ao aeroporto para deixar Porto Alegre.
Visitas como essa são muito raras no Estado. Em 2003, a rainha Sílvia, da Suécia (nascida na Alemanha e filha de mãe brasileira), também viajou ao Rio Grande do Sul em caráter não oficial para visitar obras sociais apoiadas por uma ONG fundada por ela e localizadas na Região Metropolitana.
- A presença de reis ou rainhas é muito rara no Rio Grande do Sul. Além destes casos, em quase 50 anos de trabalho, não recordo de outros - afirma o chefe do Cerimonial do Palácio Piratini, Aristides Germani, que já recebeu o Papa João Paulo II e alguns príncipes.
Acostumados a receber apenas reis do futebol, como Pelé, hoje os gaúchos conhecerão uma das principais dinastias da Europa.