O exoesqueleto prometido pela Secretaria Extraordinária para Grandes Eventos (Sesge), para reforçar a proteção de policiais na Copa, não chegou e nem chegará a 15 cidades do país - inclusive Porto Alegre. Em todo o Brasil, 3,7 mil trajes foram prometidos às 12 cidades-sede e a Aracaju (SE), Maceió (AL) e Vitória (ES), onde funcionaram os centros de treinamento de seleções.
Os trajes especiais - que lembram o ciborgue do filme americano Robocop e foram apelidados com o mesmo nome - deveriam ter sido entregues antes do Mundial. Ligada ao Ministério da Justiça, a Sesge alega que a empresa Centro de Treinamento de Técnicas e Táticas Especiais e Sistemas Integrados de Segurança - vencedora da licitação e com sede em Porto Alegre - descumpriu o prazo de 20 de maio, prorrogado até 10 de junho.
As polícias militares ficaram sem o equipamento e, como a Copa passou, não haverá nova licitação. Os R$ 3,3 milhões previstos não foram pagos, pois o acerto dependia do recebimento dos itens. Segundo a Sesge, a empresa foi informada, e a adoção de medidas administrativas está em estudo. A licitação foi realizada em fevereiro deste ano e teve um aditivo. Porto Alegre receberia 300 trajes para o Batalhão de Operações Especiais (BOE).
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- As demandas para o emprego são as mais diversas, não só para manifestações, mas também para uso em tumultos em presídios ou reintegrações de posse - destaca o comandante do 1º BOE, tenente-coronel Alexandre Bortoluzzi.
Mesmo sem os trajes, a Brigada Militar recebeu diversos itens do kit "Padrão Fifa" prometido pelo governo federal. O material, que foi fornecido por outras empresas, incluía itens como capacetes e escudos à prova de balas, máscaras de gás e um caminhão blindado com jato d'água.
Empresa diz que importou itens da China e nega culpa por atraso
No cadastro que consta na Receita Federal, a empresa Centro de Treinamento de Técnicas e Táticas Especiais e Sistemas Integrados de Segurança (CTTE-SIS) descreve sua principal atividade como comércio varejista de artigos de uso pessoal e doméstico.
ZH foi na quinta-feira até a sede da empresa em Porto Alegre, no bairro Teresópolis, e conversou com o proprietário, o inspetor aposentado da Polícia Civil Marcos Vinícius Souza de Souza. Ele afirma que a empresa oferece cursos de treinamento policial desde 2000 e, a partir de 2012, passou a importar itens de segurança.
Souza ressalta que, a partir da licitação do governo federal, encomendou os exoesqueletos da China. Garante que os equipamentos chegaram ao Brasil dentro do prazo previsto no contrato assinado - em três carregamentos, entre os dias 6 e 10 de junho. O problema, de acordo com o empresário, foi que o processo de nacionalização da carga se estendeu até o dia 11 de julho. Souza admite que foi informado por e-mail da decisão da Sesge em relação ao descumprimento do contrato, mas ainda não encaminhou uma resposta:
- Vamos aguardar o comunicado oficial da secretaria para ver qual decisão tomar.
Questionado sobre o prejuízo por não receber o pagamento do governo federal, Souza revela que sua empresa venceu outras três licitações para distribuir o mesmo material. Duas, segundo ele, são para o Rio Grande do Sul:
- Na semana que vem, devem chegar 300 exoesqueletos para a Brigada Militar e outros 26 para o Comando Rodoviário.
Procurada na quinta-feira à noite, a Secretaria de Segurança do Estado, por meio da assessoria de imprensa, não confirmou a compra e disse que precisaria consultar o sistema, o que só poderia ser feito nesta sexta-feira.
