
Eles passaram o final de semana quietinhos, andando aos pares, ou no máximo em quartetos. Muitos vieram com famílias, a maioria ficou bem instalada em hotéis ou pousadas com água quente - um luxo perto das condições de muitos dos 70 mil argentinos que chegaram ao Rio de tudo quanto foi jeito. Mas aí veio o domingo no Maracanã, a jogada de Schürrle pela esquerda, o golaço de Götze.
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Então, os alemães apareceram.
Primeiro, no campo. Célebre pela galhofa durante toda a Copa, na Bahia, em Porto Alegre ou nas redes sociais, o time da Alemanha não quis sair nunca de campo. Dançavam e cantavam para a torcida que só começou a sair 50 minutos depois do final do jogo.
Fizeram o que quiseram com a taça da Fifa - deram para os filhos tirar fotos, para as mulheres ver o peso; imitaram os índios pataxós dançando em torno dela, no chão; a levaram para perto da torcida, para fazer umas selfies. O goleiro Neuer era um dos mais entusiasmados, mesmo que a Fifa já tivesse parado de mostrar nos telões a comemoração - como naqueles bares que, depois das duas horas da manhã, colocam as cadeiras sobre as mesas e começam a limpar o chão para mandar a clientela embora.
Se o Maracanã não era tão convidativo, era hora de ir para as ruas. E lá os alemães se multiplicavam pela injeção de brasileiros. No metrô e na Zona Sul, a cada alemão que não se cansava de cantar "Rio de Janerrro, ô ô ô ô ô", outros quatro brasileiros, muitos de camisetas da Alemanha, os substituíam com gritos de "pentacampeão" ou "mil gols / "só Pelé, só Pelé / Maradona cheirador".
Não importava que o Rio tivesse 70 mil argentinos de cabeças inchadas; eles agora estavam tão derrotados quanto os brasileiros. Em geral, souberam perder. continuavam entoando músicas falando do Brasil, mas a cena de hermanos estendendo a mão para alemães no meio da rua e dizendo "parabéns" era frequente.
- Coloquem um sorriso na cara - pedia um hincha perto do Copacabana Palace a um sisudo germânico.
O alemão não sorria porque ainda não era hora: estava mais preocupado em chegar ao Quiosque Tor, na praia do Leme, onde uma fan fest informal reunia os campeões. Parecia carnaval, mas com homens demais e samba de menos - na verdade nenhum, posto que o DJ falava alemão e colocava músicas de rave.
- Isso aqui começou com Götze - disse a estudante Carolyn Schmidt, de Wilhelmshaven, norte da Alemanha. - Até ele marcar, estávamos nervosos, achando que tudo daria errado. Agora são os argentinos, que festearam duas noites seguidas, que choram.
Atrás dela, um grito de torcida se tornava pop entre os alemães: "mil goolsh / sô pelê, sô pelê/ marrradona..." Claro, ideia dos torcedores brasileiros emprestados que, ao menos por algumas horas, estavam de alma mais leve.
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