
A seleção de Felipão levava o quinto gol da Alemanha quando a artista plástica Ana Flavia Baldisserotto ouviu do filho João, de seis anos, o pedido para desligar a televisão. Em prantos, o menino sugeria que eles fizessem uma taça - como se o gesto fosse melhorar os ânimos ou diminuir a dor da goleada.
Com jornal, fita crepe e tinta dourada em mãos, a professora de artes no Ateliê Livre da Prefeitura viu a própria casa se transformar em um laboratório artístico-terapêutico:
- Já que a taça real ficou tão distante, queríamos ter uma nossa - disse a mãe-artista.
Após pesquisar na internet fotos que mostravam o troféu em vários ângulos, ela e o filho começaram o trabalho. Enquanto esculpiam um réplica do objeto que escorregou das mãos da Seleção, conversaram sobre a tristeza trazida pelo resultado. Quando a obra ficou pronta, horas depois, partiu também de João a iniciativa de entregar aos jogadores:
- Ele falou: "Mãe, coloca na internet e pergunta como é que faz para mandar a taça para a Seleção". Eu fiquei comovida com a atitude e com o fato de conseguir transformar o sentimento de dor em solidariedade. Foi uma atitude bem simbólica - coruja a mãe.
Prontamente, Ana Flávia recorreu à rede de Mark Zuckerberg para exibir o artefato. Tratou de fazer uma foto e enviá-la a jogadores como Neymar e David Luiz - os ídolos do filho - com mensagens escritas pelo próprio João, recém-alfabetizado.
A mensagem de apoio aos jogadores com a imagem da taça circulou nas redes sociais e foi lida por diversos professores, colegas e amigos do colégio João XXIII, onde João estuda. O menino tinha intenção de consolar os jogadores, mas a taça serviu para consolar a si próprio. Só então, o pequeno torcedor caiu no sono, abraçado nela.
Talvez, a euforia do trabalho finalizado tenha trazido sonhos bons, com gols do Neymar e belas defesas de Julio César. Talvez, tenha apenas servido para ajudar a processar a derrota. O fato é que, mesmo sem ter obtido nenhuma resposta a suas mensagens ou conseguido entregar fisicamente o presente para os ídolos, a taça ficará como lembrança de uma Copa onde, mais do que vencer, o importante foi participar.