Adriano de Carvalho
É contra a equipe com a melhor campanha do Interior que o Grêmio decidirá uma vaga na final do Gauchão nesta quarta-feira, 19h30min, na Arena. O Brasil de Pelotas, treinado por Rogério Zimmermann, amparado por um planejamento competente, em pouco mais de um ano conquistou a Série A-2, retornou à elite do futebol gaúcho e já está entre os quatro melhores do Estado.
Agora, o Xavante da zona sul busca repetir o feito de 1998, quando, comandado por Hélio Vieira, eliminou o time de Sebastião Lazaroni em pleno Olímpico. Em entrevista a ZH, Zimmermann explica a trajetória de sua equipe e projeta o confronto desta quarta.
Zero Hora - O entrosamento é o principal trunfo do Brasil?
Rogério Zimmermann - É muito importante. Mas a escolha dos nossos profissionais foi ainda mais. No planejamento que elaboramos em 2013, trouxemos jogadores com perfil de primeira divisão para jogar a Série A-2 e buscar o acesso. Agora, a gente já tinha um time acostumado com a elite e só fizemos contratações pontuais. O segredo desta regularidade é o planejamento feito há um ano e meio.
ZH - Foi muito difícil manter o plantel para este ano?
Zimmermann - Quando se tem sucesso, é complicado. Temos jogadores competitivos, que atuam em qualquer divisão. Eles poderiam jogar aqui por seis meses e sair. Mas foram conhecendo a cultura do clube, a história, a torcida. E acreditaram em um projeto a longo prazo. Várias equipes tinham interesse quando a gente subiu. A comissão técnica também recebeu convites. Mas, com esta campanha, a gente vê que a permanência foi a escolha certa.
ZH - Qual é o principal mérito da sua equipe?
Zimmermann - É um time competitivo, que se prepara para cada jogo como se fosse o único do ano. É um time mentalizado para fazer de todos os jogos uma final, altamente competitivo e intenso nos 90 minutos. Jogar em casa é fundamental, a gente não teria a mesma campanha se o Bento Freitas estivesse vazio.
ZH - Por quatro gols o Brasil não enfrentará o Grêmio lá.
Zimmermann - Nesta hora, não podemos ficar lamentando que o jogo não será em casa. Tenho é de estar satisfeito em jogar a semifinal, estamos entre os quatro melhores. Também é necessário saber jogar fora de casa, e temos um padrão para atuar longe do nosso torcedor. Das oito partidas fora de casa na primeira fase, sofremos apenas uma derrota para o Inter no Beira-Rio. Em jogos contra clubes do nosso tamanho, não perdemos.
ZH - Que jogador do teu time pode fazer a diferença contra o Grêmio?
Zimmermann - Me preocupo com o conjunto. Em jogo de mata, prevalece o emocional. É claro que quem joga do meio para frente, como o Cleiton e o Alex, leva perigo. Mas tenho de deixar todos em sua melhor forma.
ZH - Tua principal preocupação será com Barcos, Luan e Dudu?
Zimmermann - Quando se joga com o Grêmio, precisamos cuidar de tudo. Eles estão em uma ótima fase, é um time bem treinado que faz ótima campanha na Libertadores. Em jogo de mata, você tem de ter um cuidado especial com os atacantes, que ficam mais perto do teu gol. Temos que nos preocupar com um conjunto de coisas, você não pode isolar.
ZH - Como você avalia o trabalho do Enderson no Grêmio?
Zimmermann - Em primeiro lugar, parabenizo os dirigentes por apostarem nesta renovação. Existe uma nova geração de treinadores que estão se destacando, e o Enderson é um deles. É uma característica do Grêmio, do presidente Koff, que já trouxe o Espinosa e o Luiz Felipe no passado. O Mano Menezes, mais recentemente, também teve sucesso da mesma forma. Esta boa fase é mérito da direção também.
ZH - Como o Brasil poderá repetir a façanha de 1998 e eliminar o Grêmio em casa?
Zimmermann - Cada caso é um caso. São coisas que ficam para a história, não há relação com o momento atual. É um feito que até hoje é lembrado. Mas agora é outro jogo. Temos de ter boa marcação, posse de bola, qualidade e controle emocional em um jogo decisivo. Esta recordação nos mostra que tudo é possível, mas teremos de ter competência para ir à final.