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Um campeonato de 10 semanas, disputado em 15 rodadas de turno único, não admite erros. O desfecho selado neste domingo estava definido desde a derrota em casa para o São Paulo. Aquele jogo se pode dizer que o Caxias perdeu no detalhe, até com uma boa dose de azar, mas isso não absolve o clube dos erros cometidos nesta temporada e que levaram a essa derrocada, a pior em quase 50 anos.
Com recursos limitados, o Caxias apostou em muitos jogadores em recuperação, há tempos sem atuar, e para piorar demorou demais a realizar a surrada, mas única medida emergencial possível, a troca do técnico. A estrela do Coração Valente Washington não brilhou como gestor, pelo contrário.
Neste domingo, enquanto o Caxias perdia no Vale, a papada comemorava no Jaconi, tanto ou mais do que os 6 a 1 no Aimoré (a maior goleada deste Gauchão), a queda do rival. Uma desforra de 2010, daquele famoso Ca-Ju dos caixões que celebravam a queda alviverde. Natural, a rivalidade justifica.
Ultimamente, porém, a única alegria de um tem sido quase que limitada aos fiascos de outro, com as honrosas exceções da Taça Piratini ganha pelo Caxias em 2012 e do acesso do Ju à Série C em 2013. De 2005 para cá, este é o quinto rebaixamento do futebol caxiense: Caxias da Série B para a C em 2005, Juventude da A para a B em 2007, da B para a C em 2009, da C para a D em 2010, e agora a segundona gaúcha, vexame que o Caxias só conhecera nos tempos de Flamengo, nas décadas de 50 e 60. Ficaram só na lembranças os anos de ouro, os títulos nacionais (Ju 1994 e 1999) e gaúchos (Ju 1998, Caxias 2000), os Ca-Jus de estádios lotados valendo a ponta de cima da tabela, as festas na Júlio de Castilhos e na Sinimbu.
Os dois clubes que há menos de 20 anos ousavam medir forças com a dupla Gre-Nal afundam abandonados à própria sorte, exceto pelos fieis abnegados de sempre, como se nada significassem para a cidade que tão bem já representaram. Juntos, não somam 10 mil associados - só o Ju chegou a ter 14 mil. Enquanto isso, as torcidas colorada e tricolor, e apenas elas, se multiplicam na maior cidade do Interior.
Tomara Caxias e Juventude encontrem forças para buscar o acesso à Série B do Brasileiro, única perspectiva de retomada que surge no horizonte. O Juventude, classificado às quartas de final do Gauchão e com a força que vem da base, dá esperança. O desafio, que tem sido hercúleo, é manter os salários em dia.
O Caxias tem seis semanas para reconstruir o time, recomeçar quase do zero, sob pena de correr o risco de mais um fiasco.