
Neste domingo, a partir das 9h15min (horário de verão de Brasília), o encontro entre CSKA e Rubin Kazan reunirá dois craques revelados no Grêmio pela primeira vez: Mário Fernandes e Carlos Eduardo. Em entrevista a Zero Hora direto da Rússia, o lateral-direito e o meia-atacante falam do momento que vivem em suas carreiras, da paixão pelo Tricolor Gaúcho e também projetam o confronto entre o segundo e o oitavo colocado do Campeonato Russo.
MÁRIO FERNANDES: 100% adaptado
A fama de "fujão" parece ter ficado no passado para Mário Figueira Fernandes. Negociado pelo Grêmio com o CSKA Moscou em abril deste ano, o lateral-direito teve fácil adaptação na capital da Rússia. Talvez, por ainda não ter passado pelo rigor do inverno no país - que começa em dezembro -, vive o outono europeu como se ainda estivesse na Capital gaúcha.
- Nesta semana, por exemplo, está bem parecido com o frio do Rio Grande do Sul - diz.
Aos 22 anos, o jogador, que iniciou a carreira no São Caetano e chegou ao clube gaúcho em março de 2009, é bem diferente da aquele guri polêmico que sumiu de Porto Alegre na primeira semana de Olímpico e que, dois anos depois, rejeitou uma convocação de Mano Menezes para o Superclássico das Américas. Quando o assunto é Seleção, aliás, ele emudece.
- Peço desculpas, mas não quero falar sobre isso.
Titular em todos os 11 jogos que o CSKA disputou no Campeonato Russo e em outros dois na Liga Europa, Mário se fixou de vez na lateral direita. Mas não descarta por completo voltar a ser zagueiro. Ao menos o café da manhã agora é reforçado. Ao contrário dos tempos em que era treinado por Silas no Olímpico e era considerado "fracote" pelo técnico para parar os atacantes adversários.
- Sempre procuro acordar com um bom café da manhã, que é a base da sustentação para o resto do dia. Mas não temos muita rotina. Os horários dos treinos são bem variados aqui.
Neste domingo, Mário terá a chance de encontrar outro gremista no duelo de seu CSKA com o Rubin Kazan pelo Campeonato Russo.
- Ainda não tenho muitos contatos por aqui, sou mais caseiro. Mas conheço o Carlos Eduardo. Trabalhamos com o mesmo empresário e com o mesmo assessor de imprensa. No entanto, ainda não falei com ele por aqui.
Zero Hora - Como foi tua adaptação na Rússia?
Mário Fernandes - Foi tranquila. Não posso reclamar de nada. Tive ajuda do Kauê Machado (empresário) e da minha esposa para resolver as questões burocráticas. Dentro de campo, fui pegando o jeito com os treinos.
ZH - Idioma é problema para se comunicar com os colegas?
Mário - Aqui o tradutor é necessário e sempre está conosco. O idioma é muito complicado. Com os companheiros, nos treinos, a gente vai se entendendo.
ZH - E a tua relação com o técnico e os dirigentes do CSKA?
Mário - Posso dizer que é muito boa. Não tenho problemas com ninguém. Faço meu trabalho e não atrapalho o dos outros.
ZH - Fixado de vez na lateral direita?
Mário - Não posso dizer que não jogarei mais como zagueiro. Mas hoje estou completamente adaptado na lateral.
ZH - Após essa nova operação, o ombro não incomoda mais?
Mário - Não sinto mais nada. Página virada.
ZH - Tens acompanhado o Grêmio aí da Rússia?
Mário - Acompanho pela internet, sempre que posso, porque aqui é madrugada quando os jogos acontecem. Estou muito feliz com a campanha no Brasileiro. O título ficou distante, mas para o Grêmio nada é impossível. Já na Sul-Americana, por ser mata-mata, acho que as chances são maiores.
ZH - Planejas voltar a jogar no Brasil em um futuro breve?
Mário - Breve não. Penso em ficar aqui na Europa por mais um tempo.
ZH - Voltaria ao Grêmio para jogar na Arena? Daria prioridade em um retorno ao país?
Mário - O Grêmio está no meu coração. Me marcou muito.
CARLOS EDUARDO: De olho na Copa
Figurar entre os escolhidos de Mano Menezes para disputar a Copa 2014 no Brasil é uma obsessão para Carlos Eduardo. Aos 25 anos, o meia-atacante revelado nas categorias de base do Grêmio e que explodiu na Libertadores 2007 sob o comando do próprio treinador no Olímpico, está sendo pouco aproveitado no seu atual clube, o Rubin Kazan - que comprou seus direitos econômicos do alemão Hoffenheim por 20 milhões de euros.
Desde que chegou a Kazan, em 2010, Carlos Eduardo encarou um período muito difícil. Ficou cerca de um ano e oito meses parado por conta de lesões no joelho e voltou a atuar somente na metade de 2012. No entanto, desde que voltou, não consegue a tão sonhada sequência entre os 11 titulares do técnico russo Kurban Berdyev.
- Meu treinador pensa muito na defesa. E jogador brasileiro na Europa de vez em quando peca muito nessa questão da marcação. Ele sempre fala que na parte ofensiva trabalho muito bem, mas preciso melhorar a defensiva. Isso prejudica meu estilo de jogo. Tem jogadores que jogam mais pelo grupo, mas gosto de fazer jogadas individuais, buscar o gol - comenta.
Em janeiro deste ano, o empresário Jorge Machado, representante do meia, tentou a liberação por empréstimo para atuar no Grêmio. No entanto, nada feito. Os russos foram irredutíveis e bateram pé: Carlos Eduardo só sairia de Kazan em troca de 24 milhões de euros.
- Isso pesou bastante. Mas se eu ainda não estiver jogando até o final do ano fica mais fácil para sair. Posso usar isso como argumento - diz o meia, esperançoso.
Uma nova investida do Grêmio por Carlos Eduardo não está descartada. No entanto, qualquer tratativa passa pela escolha da nova diretoria do clube na eleição que acontece neste domingo. Enquanto isso, outros clubes do país também estão de olho no meia. Os endinheirados São Paulo e Fluminense estariam interessados em repatriar o jogador.
_ Sempre falei que o Grêmio é um dos primeiros times a conversar em um possível retorno. Tem que saber do interesse do Grêmio também, né. O grupo está muito bem montado, com jogadores de muita qualidade. Vamos esperar. Quando abrir a janela, creio que vai acontecer algo legal para que eu possa voltar a jogar em alto nível.
Enquanto isso, Carlos Eduardo espera novas chances de seu técnico no Kazan. Neste domingo, contra o CSKA de Mário Fernandes, o meia deve iniciar no banco de reservas.
Zero Hora - Tens acompanhado o Grêmio aí da Rússia?
Carlos Eduardo - Acompanho sim. Para torcer, até acordo de madrugada. A gente conecta o computador na TV e olha por ali mesmo.
ZH - O que está achando do trabalho do Luxemburgo?
Carlos - O time está muito bem. Tem um ótimo treinador que é o Vanderlei, que arrumou esse time que tem jogadores de muita qualidade como o Zé Roberto, o Elano, que chegou agora, o Kleber e o Marcelo Moreno. O Souza, que também está jogando muito. Está bem montado, tem tudo para seguir na briga pelo título. Mas o mais importante é conseguir a vaga na Libertadores.
ZH - Teu estilo de jogo se encaixaria nesse time?
Carlos - Aqui na Rússia estou jogando mais como armador central. Mas gosto muito de jogar pelos lados do campo, agredindo o adversário. Creio que encaixaria perfeitamente no time do Grêmio. Jogaria com muita velocidade.
ZH - No começo de 2013 o Olímpico será demolido. Que lembranças tu guardas do estádio?
Carlos - É onde eu vivi né. Morei muito tempo na "caverna", que era um alojamento embaixo da arquibancada. A minha estreia no profissional também foi inesquecível. Contra o XV de Novembro de Campo Bom, no Gauchão em 2007. O Olímpico foi a minha casa, onde morei de 2001 a 2007.
ZH - Pretende estar na inauguração da Arena em dezembro?
Carlos - Acho que vai ser complicado. Tem jogo pela Liga Europa contra o Inter de Milão lá pelo dia 12. Acho que só vou chegar no Brasil depois do dia 15.
ZH - Como vê a preparação da Seleção para a Copa 2014?
Carlos - Tem vários jogadores de qualidade. Agora, com o Kaká, que é uma referência, um cara experiente, que já foi campeão do mundo, acrescenta muito. Tem jogadores jovens de muito talento, Neymar, Oscar, Lucas. Acho a Seleção pode ser campeã em 2014 sim.


