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Apesar da satisfação pela campanha do time de Renato no Brasileirão e na Copa do Brasil, os gremistas ficam com o coração pequenino quando lembram do que está para acontecer com o Olímpico. O velho estádio, de tantas glórias em seus 58 anos de vida, irá abaixo. Não há mais volta. No entanto, ganhou sobrevida: a derradeira implosão, inicialmente prevista para outubro, ocorrerá na manhã de um domingo na última quinzena de dezembro.
INFOGRÁFICO: veja os detalhes e as etapas da demolição da antiga casa do Grêmio
Embora já tenha iniciado timidamente com a retirada de cadeiras do anel superior e a destruição de algumas salas, a demolição do Olímpico se intensificará depois que o Grêmio mudar de vez para a Arena e o Centro de Treinamentos, nas proximidades da nova casa. Isto só acontecerá, no entanto, após a assinatura do novo contrato com a OAS - prevista para ocorrer em até duas semanas. Aí, a parceira terá um prazo de 10 dias para liberar uma verba de R$ 15 milhões para a conclusão do CT e a estrutura administrativa do clube na Arena, o que vai demorar até o final de novembro. A mudança, de fato, se daria na segunda semana de dezembro, após o término da participação no Brasileirão - para evitar qualquer prejuízo à preparação dos jogadores.
A partir daí, o Olímpico será entregue às máquinas e aos técnicos da Ramos Andrade, que vão proceder com a segunda etapa do processo: a demolição mecânica - já liberada pela Prefeitura. Ao mesmo tempo em que o primeiro anel será derrubado por escavadeiras, a implosão do prédio, etapa derradeira da demolição, será preparada. O período também será utilizado para a obtenção de licenças ambientais, autorização de uso de explosivos em área urbana por parte do Exército e de liberação do espaço aéreo junto ao 5º Comando Aéreo Regional (Comar).
A implosão do Olímpico deve ser transmitida ao vivo por redes locais de TV. O canal National Geographic estuda a produção de um documentário do evento, nos moldes do realizado na derrubada da Fonte Nova em 2010.
Precisão de relógio suíço
No que depender da experiência do engenheiro Manoel Dias, o especialista contratado pela Ramos Andrade para a implosão do Olímpico, a operação acontecerá com a precisão de um relógio suíço. Há mais de 26 anos no ramo, é o responsável por cerca de 90% das derrubadas de prédios com utilização de explosivos no país.
O profissional já coordenou a destruição do Estádio da Fonte Nova, em Salvador, o Palace II, no Rio, e também a Penitenciária do Carandiru, em São Paulo, e mais uma centena de prédios. Entre os casos mais delicados, em 2008, derrubou um edifício de 16 andares na Av. Engenheiro Luís Carlos Berrini, na capital paulista, praticamente colado a outro. A uma distância de três metros, a edificação vizinha não sofreu avarias.
- Era uma condição muito mais perigosa e o trabalho foi um sucesso - relembra Dias.
Das quatro fases da demolição do Olímpico, Manoel será o coordenador da terceira, a implosão. Para manejar material explosivo em área urbana, precisará de liberação especial do exército - que ainda não foi concedida. O caso lembra a operação montada em Salvador, nas cercanias da Fonte Nova, que foi derrubada em 2010 e deu lugar a uma nova Arena para a Copa 2014.
- O isolamento e a retirada da população são semelhantes. Mas o projeto para o Olímpico ainda não está definido - complementa Dias.
A principal diferença está na natureza dos dois estádios, um privado, em Porto Alegre, e outro público, em Salvador. O que acaba impactando na organização da operação, custeada pela OAS e não pelo poder público. A empreiteira, através da Ramos Andrade, investe pesado no trabalho de esclarecimento do processo de demolição aos moradores da região, que demonstram boa receptividade aos argumentos, e se dispõem até a colaborar no que for necessário.
Outro ponto que também difere entre Olímpico e Fonte Nova é o envolvimento da torcida com a história do estádio. Erguida há 58 anos, a segunda casa do Grêmio foi o palco das principais conquistas do clube.
- Creio que os torcedores vão encarar com naturalidade, até porque agora contam com uma arena bonita, moderna, de primeiro mundo. Até eliminaram o meu Santos na quarta-feira lá. Eu é que estou de luto - sorri Manoel.