
O coordenador-geral das categorias de base do Grêmio, Júnior Chávare, 46 anos, é paulista de Americana. Antes de se mudar para Porto Alegre com a mulher e os dois filhos, de 13 e 21 anos, trabalhava como funcionário e consultor da Juventus, de Turim. Era dele a tarefa de indicar talentos da América do Sul para a Vecchia Signora. Chávare está no centro da nova filosofia da base gremista, que já começa a exibir resultados e despertar o interesse da Europa em ritmo acelerado.
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Zero Hora - O Grêmio parece ter mudado o perfil de suas apostas. É isso mesmo?
Chávare - Quando fui procurado pelo Grêmio, deixei bem clara uma condição: a qualidade tem de vir antes da força física e da altura. Acho que conseguimos quebrar alguns paradigmas no clube. Agora, do sub-12 em diante, valorizamos o jogo, o futebol. Tive a sorte de encontrar dirigentes como Rui Costa e Fábio Koff, que acreditaram neste modelo.
ZH - Luan, Wendell e Breno refletem este conceito, então
Chávare - E Alex Telles. E o próprio Ramiro, que não preenche o estereótipo do volante grande, com envergadura. Este biotipo mais leve e hábil mudou em toda a nossa base. O Luan ficou meses aqui só treinando antes de jogar. Raça? Sim, claro, é uma marca do Grêmio. Mas a técnica tem de vir antes.
ZH - O interesse tão rápido da Europa te surpreendeu?
Chávare - Não. Tenho bem presente o conceito comercial do futebol de hoje. Sei o que o mercado quer e exige em um atleta. A captação de talentos é o diferencial nestes tempos de escassez de recursos, e ela tem de estar adequada a esta realidade para ser uma ferramenta de gestão do clube.
ZH - A base seguirá fornecendo Luans e Wendells?
Chávare - Tenho mais de 3 mil nomes na minha agenda. Destes, monitoro pelo menos 350 mensalmente. Posso dizer ao torcedor do Grêmio que, de onde vieram estes, outros virão ali adiante.