Falar de Hélio Dourado é fácil. Quando assumiu a presidência, no final de 1975, o cenário do Grêmio era o seguinte: nenhum tostão, pouco mais de 3 mil sócios e um estádio inconcluso. Para agravar, nosso rival conquistava o bicampeonato brasileiro e o sétimo estadual consecutivo. Mas havia determinação.
Dourado, planejou sua gestão e reconquistou o Estado. Visitou centenas de municípios em busca de dinheiro e cimento para concluir o Olímpico. Dourado conhece como poucos a força do torcedor e vivia o Grêmio 24 horas por dia. Pensando no torcedor do futuro, fez com que o clube fosse o primeiro do país a isentar a entrada de crianças com menos de 10 anos nos jogos. Também criou kits escolares com as cores do time. Ele pediu, e o torcedor ergueu o Monumental. Nosso ex-presidente quebrou recordes de público, de renda, de entusiasmo.
Voltamos a vencer o Inter, e bem. Tanto que aposentamos o uniforme colorado por 30 anos. O Grêmio tornou-se referência, balizador jurídico e propulsor de iniciativas para a CBD - a atual CBF. Propôs as divisões nacionais e a redução do preço dos ingressos. Ele também pensou o Grêmio como clube social, local de encontro de milhares de gremistas. Deu vida ao Centro de Treinamento, à Ilha do Grêmio e ao Parque de Remo. Dirigente de pulso firme, comandou um Grêmio vibrante, vencendo grandes times e seleções.
Liderou o clube que não se intimidou diante de 100 mil pessoas, vencendo o São Paulo e trazendo para casa o primeiro título nacional. Em pleno regime militar, teve a coragem de aceitar uma torcida diferente, enquanto outros reprimiam e expulsavam a diversidade. Deixou a presidência com o Grêmio na sua primeira Libertadores, abrindo as portas para o mundo. Entregou o Grêmio maior do que pegara, com título, dinheiro em caixa, o estádio mais moderno do Brasil e mais de 60 mil sócios. Após o colapso da ISL, foi um dos poucos gremistas a estender a mão ao presidente Flávio Obino. Nunca se omitiu. Estamos falando de um grande homem, adorado por gremistas e querido por colorados.
Por isso, não faltaram motivos para que eu propusesse seu nome, ao Conselho Deliberativo, como terceiro patrono do Grêmio. Devemos homenagear as pessoas em vida. Poderia resumir Hélio Dourado em uma frase: ele é o Grêmio e, sem dúvida, o maior gremista que já conheci.
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