
Hoje é o dia em que todo gremista acorda pensando que deveria ser feriado, estufa o peito e canta "até a pé nós iremos" antes de escovar os dentes.
Com todo o respeito aos amigos colorados (vivemos época tão esquisita que por vezes temos de dizer o óbvio: exaltar o amor pelo seu clube não implica desfazer do outro - e, ora, adversário não é inimigo), aquele 15 de setembro de 1903 foi o dia em que o futebol começou para valer aqui por estes pagos brasileiros com aspecto pampiano.
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Alguém pode contestar esse fato? O Grêmio completa 111 anos. Pois o número 1 remete à ideia de uma história pioneira, e o fato de ser repetido três vezes (1-1-1) leva à de vitória - os consagrados "três pontos".
Pois vamos, então, a três outros pioneirismos tricolores, que vão além da essência de ser o primeiro dos nossos grandes clubes e dos quais nós gremistas temos muito a nos orgulhar. Cabalisticamente, a eles:
1) Pioneirismo em títulos
Com a ressalva importante de que nossos queridos amigos colorados foram os responsáveis por nos colocar no mapa brasileiro com aquele gol iluminado do Figueroa em 1975, é importante sempre lembrar que o Grêmio nos colocou no mapa mundi.
Aqueles gols do Renato fizeram o Grêmio e o Rio Grande ombrearem, incrivelmente, com o glorioso Santos do Pelé, também campeão do mundo. Para chegar a tanto, claro, foi essencial o clube ter colocado antes o Estado no mapa da América do Sul.
2) Diversidade de um jeito
Sim, essa honra gremista está bem documentada e deveria ser bradada com energia pelo clube para contestar mitos de décadas que lhe põem a pecha do elitismo. O Grêmio teve o primeiro jogador negro da dupla Gre-Nal, Adão Lima - entre 1925 e 1935.
Até foto existe do Adão, perfilado na formação com Eurico Lara (morto em 1935) e outros. O Inter teve seu primeiro negro em 1928 - o Dirceu Alves. O compositor do hino gremista, um hino que fala em persistência e superação (a cara do tricolor!), é o negro Lupicínio Rodrigues, que, aliás, relatou em artigo para o jornal "Última Hora" ter sido o Grêmio o primeiro dos nossos grandes clubes a aceitar a Liga da Canela Preta (por isso, Lupi se tornou gremista "fanático").
A propósito, aqui vai a ressalva: o Inter tem a honra merecidíssima de ser o primeiro clube a aceitar "oficialmente" os negros. Parabéns, colorados! Por quê? Porque, por circunstâncias históricas que não caberiam nos limites desse texto, o Grêmio mantinha uma rigidez que o Inter foi abolindo para montar o que acabou sendo o grande Rolo Compressor.
Lembrem, não fazia muito o Brasil era um país escravocrata. Em 1952, Tesourinha foi o primeiro negro "oficial" do Grêmio. Tratou-se mais de uma medida política, afirmativa. Tesourinha era o grande astro do futebol gaúcho e jogara no rival.
3) Diversidade de outro jeito: a Coligay
O autor deste pequeno texto alusivo aos 1-1-1 anos do clube, escreveu "Coligay - Tricolor e de todas as cores" (Editora Libretos), livro no qual até a diversidade citada no tópico acima é abordada. Mas o caso da Coligay é interessante por ser pioneiro e ainda único.
Aliás, provavelmente pioneiro a ponto de ser, sim, "uma façanha" "de modelo a toda a Terra". Pois o caso mais importante de diversidade da história do futebol brasileiro pôde prosperar no Grêmio.
O clube acolheu a torcida formada por homossexuais que queriam torcer sem abrir mão da identidade, concedendo-lhes até mesmo um espaço físico dentro do Estádio Olímpico para guardar bandeiras, faixas e instrumentos da charanga.
E isso em 1977, em plena ditadura militar! Na época, a polícia tinha uma "divisão de costumes" e mulheres eram chamadas de "vadias" se fossem aos estádios.
Enfim, fica aqui uma dica de gremista para gremistas: vocês têm motivos de sobra para sentir orgulho desse clube pioneiro (1) e vitorioso (3), que completa hoje seus 1-1-1 anos. Saudações tricolores!
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