- Gordo fronhaaaaa!
A ofensa inusitada foi abafada pela vaia ensurdecedora que tomou conta da Arena quando Aranha pisou pela primeira vez no gramado, para o aquecimento. Era o início de uma noite em que os xingamentos do torcedor gremista ao goleiro foram da suposta infidelidade de sua mulher até a cor de suas chuteiras. Mas não passaram pelas injúrias raciais que marcaram o confronto entre Grêmio x Santos pela Copa do Brasil.
Grêmio cogitou recepção especial a Aranha na Arena
O sorteio dos capitães no início do jogo definiu que o reencontro do goleiro com a arquibancada norte, de onde saíram os insultos há pouco mais de 20 dias, seria no primeiro tempo.
Tão logo Aranha começou a se dirigir para a meta, via-se o rosto transfigurado de quem estava no muro que separa a torcida do campo. Os gritos saíam com raiva, os dedos em riste, as veias saltadas dos pescoços de quem se pendura na grade para ficar mais próximo ao campo.
Torcedor icônico, o Gaúcho da Geral, que tradicionalmente assiste aos jogos no local, convocava os vizinhos a esquecer Aranha.
- É o Grêmio! Vamos apoiar o Grêmio! - dizia, enquanto apontava para o alto, de onde vinham os tradicionais cânticos de alento da organizada.
Funcionou por um breve período, mais precisamente até o primeiro tiro de meta para o Santos. Enquanto o arqueiro se ajeitava calmamente para cobrar, os gremistas disparavam.
- Seu fracassado! Eterno reserva! - dizia um.
- Cooooorno! Cooooorno! - arriscava um pequeno grupo.
- Quem tu acha que tu é com essa chuteira colorida!? Tu nunca ganhou nada! - bradava outro tricolor.
Diante da insinuação, proposta por um torcedor, de que a esposa de Aranha estava com outro homem em casa, o sisudo segurança da Arena esboçou um sorriso.
- Isso pode, né? - perguntou o gremista.
As ofensas transformaram-se em ironia quando o goleiro ficou no chão após disputa de bola com Dudu. Acusando-o de cera, os gremistas explodiram em insultos, mas logo perceberam que o aplauso era uma forma de protesto mais contundente.
- Tu é um artista mesmo, hein? Tá gostando dessa fama, mas vai acabar logo! É que nem Big Brother! - avisava o torcedor.
Em meio ao ódio destilado na direção da vítima dos insultos de 20 dias atrás, sobrou até para a imprensa. Ao avistar um repórter do SporTV, um gremista disparou:
- Seu paulista de m.. Fala mal do Grêmio aqui se tu é homem! - xingou, antes de ser repreendido pelo amigo, que acreditava que o ataque ao jornalista poderia prejudicar o Grêmio.
- Xinga o Aranha, cara! - aconselhou, ao que a dupla voltou à carga contra o alvo da noite.
