Luciano Périco
A cada novo Campeonato Brasileiro, é a mesma história.
Inter e Grêmio entram na competição e, com o andar da carruagem, acabam se direcionando, por causa dos desempenhos, apenas para a briga por uma vaga na zona classificatória para a Libertadores da América: o famigerado G-4.
Desde 2003, tem sido essa uma constante. Os clubes gaúchos investem alto na montagem dos times, gastam o que até nem podem, contratam treinadores consagrados por altos salários, para brigar apenas por uma classificação, uma vaga. Título, nem pensar! Taça no armário, faixa no peito e bicho no bolso são coisas do passado para a dupla Gre-Nal em Brasileirões.
O jejum colorado, em 2015, chegará a marca histórica de 35 anos. Quantos colorados que já estão na metade da vida nunca viram o seu time do coração conquistar o mais cobiçado título nacional? E o gremista? A seca de títulos do Campeonato Brasileiro já dura 18 anos. Poderia tirar a carteira de motorista.
Chegou a hora de Grêmio e Inter darem um basta nessa vida de personagem coadjuvante nos palcos verdes do Brasil. Foram raros os momentos em que o futebol gaúcho, nessa era de campeonato de pontos corridos, brigou por algo mais do que um passaporte carimbado para a Libertadores ou pelo ingresso na Copa Sul-Americana.
Mas daí você, já irritado com que eu escrevo, vai perguntar: "Mas vaga não vale nada?". Claro que vale. Só que infinitamente menos que um título. Já cansou ver a dupla Gre-Nal ficar só com a vaga. Colorados e tricolores querem taça, festa da comemoração na Goethe, o pôster na Zero Hora da segunda-feira! E isso não acontece mais. É só G-4 pra lá, G-4 pra cá, G-4 que pode virar G-3 ou G-4 se tornando um G-5...
E nós da imprensa entramos nesse embalo de nivelar por baixo o desempenho dos nossos times, vendendo uma ideia equivocada de que "pelo menos alguma coisa se conquistou". Balela!
Só o que vai ficar para a história, daqui a 20 anos, é que o campeonato do ano de 2014 foi conquistado pelo Cruzeiro, um segundo título seguido. Acossado em alguns momentos, mas assumindo a liderança na sexta rodada e passeando até dezembro.
Enquanto isso, aqui no Rio Grande do Sul, terminaremos o ano, mais uma vez, como filhos do G-4. Todos nós somos filhos do G-4. Até quando, hein?
- Mais sobre:
- de fora da área