
Um clima de despedida tomou conta das desgastadas arquibancadas do sessentão Olímpico. Na tarde de hoje, a partir das 16h, o Monumental viverá um dos últimos capítulos de sua história, cada vez mais próxima do fim. É quando o grupo profissional do Grêmio fará o último treino no gramado em que o clube viveu inúmeras glórias.
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É claro que o tapete verde já não é igual ao que serviu de palco para De León erguer a Libertadores 1983. Tampouco ao que Aílton pisou antes de encher o pé esquerdo para selar a conquista do Brasileirão 1996. Mas a essência está lá. Permanece viva apesar da grama alta que cresce atrás das goleiras e nas proximidades do fosso.
À frente das antigas sociais, as casamatas receberam a companhia da vegetação, que cresce com a mesma intensidade que o fim do estádio se aproxima. Nem a arquibancada em que a torcida Geral pulava e cantarolava escapou: ao lado do antigo portão 10, agora lacrado, um arbusto de quase um metro de altura se ergue do concreto.
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Do alto do segundo anel do estádio, tapumes brancos e uma espécie de tela azul escondem as ruínas do que outrora foram os camarotes. Boa parte das cadeiras de locatários também já foram retiradas. Mas ainda resistem as que foram instaladas para a imprensa ocupar durante os treinos de Seleções que jogaram a Copa 2014 na Capital - que ignoraram o Olímpico e preferiram utilizar a Arena como local de treinamento.
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Até quem é de fora da aldeia se admira com a história impregnada no estádio. O turista francês Raphael Reygaza, 45 anos, que fez de suas férias uma verdadeira peregrinação por estádios sul-americanos, visitou ontem o Olímpico.
E fala com autoridade de quem já pisou num Stade de France e um Parc des Princes, palcos da Copa do Mundo 1998. Torcedor do Lyon, clube onde os brasileiros Juninho Pernambucano e Cris, este de passagem apagada pelo Grêmio, fizeram história, Reygaza lamenta não ter sentido como é o clima de um Gre-Nal no Monumental.
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- O Grêmio conquistou muitos títulos no Olímpico. A história está aqui. Na França, vi pelo YouTube muitas partidas com a torcida comemorando gols fazendo a avalanche na arquibancada. É uma coisa única no mundo. E no novo estádio isso não é mais possível. Queria retornar cinco anos no passado para ter a chance de ver uma partida contra o Inter aqui - comenta Reygaza.
Com a proximidade da implosão - ainda sem data marcada -, o movimento de torcedores que desejam se despedir do Olímpico aumentará. É o caso dos empresários Diogo Rodrigues, 35 anos, e Carlos Alberto Vargas, 55 anos, que aproveitaram a tarde de ontem para pisar pela última vez no gramado.
Relembre como foi a demolição da antiga torre de acesso aos camarotes:
- Sou colorado, mas fiz questão de vir. Tenho boas lembranças do Olímpico. Vim aqui pela primeira vez em 1967, com meu pai. Naquela época o Inter não tinha estádio para jogar o Brasileirão. Assisti a Inter x Santos, a única vez na minha vida que vi o Pelé jogar ao vivo - comenta Vargas, que tomou o cuidado de vestir uma camisa branca para evitar qualquer polêmica.
Está programada para a próxima segunda-feira uma cerimônia formal de despedida. É quando os mais de 300 conselheiros do Grêmio caminharão pela última vez no gramado. Depois, os trabalhos de demolição se intensificarão. E o acorde final, com a implosão que fará toda a estrutura de concreto ir abaixo em menos de 20 segundos, deverá ocorrer depois de fevereiro.
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