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Como substituir um jogador de múltiplas funções sem que o rendimento do time seja afetado?
É nisso que Renato Portaluppi tem pensado desde o terceiro cartão amarelo recebido por Ramiro contra o Cruzeiro, o que determina sua ausência frente ao Coritiba, nesta quinta (22), na Arena.
A prova da polivalência de Ramiro é que três jogadores de diferentes posições se candidatam a substituí-lo. São eles o volante Maicon, o meia Gata Fernández e o atacante Fernandinho.
Maicon seria a escolha natural caso não tivesse dito a Renato que, ainda sem a condição física ideal, mais atrapalha do que ajuda. Com Gata, seria preciso deslocar Luan para o lado, já que o argentino prefere jogar pelo meio. Caso seja o eleito, Fernandinho pode abusar da característica de driblar para o meio e chutar de pé esquerdo, sua jogada preferencial.
– Por mim, joga Maicon – afirma o técnico Adilson Batista, que não esconde seu entusiasmo com o desempenho do Grêmio e já sente "cheirinho de título". – No Figueirense, ele era armador. Tem estilo de jogador de futsal, domina, faz a bola andar e usa bem o corpo.
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Último técnico campeão gaúcho pelo Grêmio em 2010, Silas, que hoje comanda o Red Bull Brasil, de São Paulo, vê Fernandinho como uma opção mais ofensiva para o lugar de Ramiro.
A entrada do atacante, que substituiu Pedro Rocha contra o Cruzeiro, daria mais dinâmica ao time na visão do treinador. A vantagem, neste caso, é que Renato não precisaria desmanchar a dupla de volantes Michel e Arthur.
Além disso, Luan seguiria atuando centralizado, na função em que se acostumou a desempenhar nos últimos jogos.
– Quem entrar no time hoje vai render, está muito encaixado. O Fernandinho, na beirada, dá mais velocidade. É um jogador de força. Talvez ele não aguente o jogo inteiro. Mas, por jogar em casa, ele seria uma boa alternativa para pressionar o Coritiba – observa Silas.
Ex-técnico de Ramiro no Juventude, Lisca considera quase impossível que alguém desempenhe seu papel no time. Aspectos como circulação de bola, marcação e chegada à frente são ressaltados pelo treinador.
– A opção por Arthur é mais coerente, mesmo que a característica seja diferente. Ele vai rodar, ter mais posse de bola, algo parecido com o que Léo Moura fazia como meia – diz Lisca, estendendo sua análise aos outros dois jogadores cotados.– Com Fernandinho, o time sairia de sua engrenagem normal. É um jogador agudo, não é de composição. Gata poderia fazer a função, mas sem o mesmo volume.
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Ramiro é titular desde o jogo contra o Palmeiras, dia 28 de setembro de 2016, pela Copa do Brasil. Era o primeiro jogo das semifinais e o terceiro desde a chegada de Renato. Pela primeira vez, o técnico montava seu time no 4-2-3-1 e Ramiro, aberto pela direita, compunha o setor com Douglas e Pedro Rocha.
Herdeiro da vaga que ficara aberta desde a saída de Giuliano, marcou o primeiro gol da vitória por 2 a 1, em um chute por cobertura, e dividiu com Geromel, naquela noite, a eleição de melhor jogador em campo.
Desde então, o time tem se moldado ao seu ritmo. Parece não haver espaço no gramado em que Ramiro não apareça. Tanto se junta a Michel e Arthur na marcação, como aparece na zona de arremate, como ocorreu contra o Cruzeiro.
Na temporada, Ramiro já tem sete gols e só fica atrás de Luan (13), Lucas Barrios (12) e Bolaños (8).
Outra mudança será na zaga. Kannemann, com dores musculares, será substituído por Thyere. Com isso, Geromel será deslocado para o lado esquerdo da zaga.
Outras mudanças no time por preservação irão depender de relatórios de fisiologistas e preparadores físicos. O último treino será hoje à tarde, no CT Luiz Carvalho.