
Rafael Moura é o homem do momento no Inter. Em Gramado, fez um desabafo e apresentou números. Com um pequeno pedaço de papel na mão, apresentou estatísticas. Talvez ansioso por falar, não conseguia esconder a mão tremendo ao segurar a "cola". Comparou seus números, como tempo de jogo e gols marcados no Brasileirão, aos de Forlán e de Damião. Pede mais carinho da torcida e aposta alto no novo astral, agora sob a administração de Abel Braga, técnico que o colocou até de capitão do Fluminense - como ele tratou de exaltar. A seguir, os principais trechos da entrevista coletiva de He-Man, o novo titular do ataque colorado:
Pergunta - Foram muitas mudanças no ataque para este ano. Espera mudar o seu futebol também?
Rafael Moura - Mudanças em parte da diretoria, na comissão técnica, mudança minha, que não tive tempo no ano passado e, agora, estou aqui. Ano-Novo... e que seja um ano bom para o Inter.
Pergunta - Você imagina este o seu grande ano no Inter?
Moura - Espero que sim. Trouxe uma cola, alguns números para passar para vocês. Vou ler porque é difícil decorar. Porque escuto algumas críticas. O resultado final, estatisticamente, é pífio, mas no meio disso tudo, há uma explicação e devo essa explicação para a imprensa e para o torcedor. Joguei 1667 minutos e fiz seis gols. O que equivale, se eu fosse titular, a 17,5 partidas. E você fazer seis gols, a média aumenta. Joguei 39 jogos, 19 como titular, 20 como reserva. Nessa 20 vezes como reserva, entrei faltando 10 minutos ou menos. Tenho média jogada de 42 minutos. Um titular joga 90, 95 minutos. Então, tenho uma média de 277 minutos para cada gol, quase três partidas. Em quase três partidas, faço pelo menos um gol. Mas aí fazem aquelas matérias de 40 dias, 50 dias sem gol. Como não jogo em sequência, aí fica aquele número todo que o torcedor me cobra de eu não ter feito gols. Uma última estatística: no Brasileirão do ano passado, o Forlán fez cinco gols em 955 minutos. Um gol a cada 191 minutos. Eu sou o segundo: três em 692 minutos. É muito pouco, se comparar com o Forlán, que foi para a Copa das Confederações, que ficou fora um grande tempo. Ainda fiquei 300 minutos atrás do Forlán. E o Damião fez cinco gols em 1794 minutos. Diferença é o triplo ou quádruplo, e um gol a cada 358 minutos. Acho que esses números mostram um pouco a história, que até então eu não tenha feito uma grande temporada. Agora, a sequência de jogos e os gols vão aumentar.
Pergunta- Você se considera injustiçado no Inter e, pelos números, você acha que merece a titularidade?
Moura - Imaginando essa pergunta, logo depois que passei a estatística... Tenho respeito grande pelas comissões técnicas que trabalharam no ano passado. Meu primeiro treino forte com o Dunga foi em 1° de abril. Era notória a diferença. Você pega alguém que tenha lesão em um membro e ele demora para voltar. Eu operei os dois tornozelos e o dedão de uma vez só. Fiquei 20 dias de cadeira de rodas, foi um ano atípico para que eu pudesse brigar pela titularidade. Agora, com sequência e com o Abel, com quem fui capitão no Fluminense, que sabe que pode contar comigo nos momentos em que se separam os meninos dos homens, estou muito empolgado para este ano.
Pergunta - Você conhece a história do Valdomiro no Inter?
Moura - Sei de nome, mas da história, não sei.
Pergunta - Valdomiro era vaiado pela torcida, que pagava no pé para valer, e ele acabou sendo um dos maiores ídolos colorados. Nesse sentido, você pode repetir o Valdomiro?
Moura - Não cheguei a ser vaiado em nenhum jogo, mas algumas críticas, mas a torcida não sabia desses números. Vocês vão colocar a matéria das estatísticas e o torcedor vai entender a minha passagem pelo Inter. Espero ter mais carinho da torcida comigo.
Pergunta - O que você passou nesses dois anos e que, agora, fizeram com que você fizesse esse levantamento?
Moura - Primeiro, pela minha conduta. Sempre tento ser verdadeiro. Fiquei muito tempo sem dar coletiva, sem falar. Queria explicar isso ao torcedor. Não sou acomodado, não estava satisfeito com a situação. Sempre fiz gols por onde passei. Aqui, faltava algo, havia uma energia negativa, mas o astral mudou. Tive propostas para sair, mas fiz questão de ficar. Disse que só sairia se fosse uma coisa negociável para o clube, porque tenho muita vontade de vestir essa camisa. Os números são para ter um convívio mais saudável com o torcedor. Porque chega uma hora que fica sufocante. O carinho vai aumentar e minhas atuações, idem.
Pergunta - O melhor momento da sua careira foi com o Abel?
Moura - Tive uma sequência boa com no Goiás e no Fluminense. Antes com o Muricy (no Fluminense), depois com o Enderson (Goiás), que agora está no adversário. Depois, veio Abel. Ele explora as características dos jogadores, independentemente do nome de cada um. No ano passado, tirando o D'Ale, o conjunto do Inter dificultou todo o mundo para que rendesse individualmente. Agora, muita coisa vai mudar.
Pergunta - Você se apresentou em boa forma. Que tipo de cuidados tomou nas férias?
Moura - Tenho muita vontade de vestir a camisa do Inter e de me dedicar sempre. Um ano atrás, estava numa cadeira de rodas. Nas férias, o Cristiano (Nunes, preparador físico do Inter) me passou algumas coisas para eu chegar bem. Nunca puxei fila (nos treinos físicos, correndo na frente dos outros), sempre fiquei no terceiro ou quatro grupo, agora, corro a 16 km/h, 17 km/h. O ânimo que estou de dar respostas pode ser visto nesses testes.
Pergunta - Você conversou com o Abel quando ele foi contratado?
Moura - Falei com o Cristiano (Nunes). Com o Abel, só liguei para dar as boas-vindas Não sou de conversar com a comissão técnica, sou mais fechado, Prefiro falar com os mais jovens e puxar todo mundo, mas estou feliz porque o Abel conhece a minha família, me conhece, e sabe que vou ajudar.