
Dono da camisa 6 do Inter durante cinco temporadas, Kleber ingressa em seu quinto mês como um cidadão comum. Morador do bairro de Tatuapé, um dos mais valorizados da capital paulista, o ainda jogador de 34 anos trata de dedicar aos filhos o tempo que nunca teve, entre treinos, concentrações, viagens e jogos.
Enquanto aguarda por uma oferta para estrear na temporada 2014 - assim como o lateral-direito Gabriel, seu ex-companheiro de Inter -, Kleber treina em uma academia para manter a forma, enquanto o próximo trabalho não vem, leva e busca os filhos Tainá, 11 anos, e Kaíque, oito, à escola, e azeita com mais dois sócios a nova empreitada: um escritório para empresariar jogadores.
- Quem está parado é o mercado, não eu - se antecipa o lateral-esquerdo. - Surgiram propostas, mas nada que fosse interessante. E, quando não é o melhor que você pode obter, dá-se um tempo. Não parei de jogar, estou apenas me reciclando - explica Kleber.
Liberado da última partida do Inter no ano passado, o sonolento 0 a 0 com a Ponte Preta, em Caxias do Sul, Kleber não se despediu formalmente dos torcedores. Apenas postou uma mensagem de agradecimento em sua conta no Instagram.
- É verdade, saí sem me despedir direito. Mas tenho um carinho enorme pela torcida. Antes de deixar o Inter, conversei com o presidente Giovanni Luigi. A decisão de não renovar, de sair, foi minha. Precisava de novos ares, novos rumos, conhecer gente nova. Senti que era preciso encerrar o ciclo - conta o lateral.
Com passagens por Corinthians, Santos e Inter, além de uma curta carreira na Europa, Kleber agora vê o lado B do futebol, o daqueles profissionais já rodados e que estão desempregados.
- O mercado para quem está sem clube e tem mais de 30 anos está muito parado. Olha, o cara que está em um grande clube tem que dar graças a Deus todos os dias. Se eu não tivesse economizado, estaria em sérias dificuldades financeiras. No futebol, a sua vida muda do dia para a noite - comenta Kleber.
Apesar do momentâneo período sabático, o lateral aposta que o mercado nacional será reaquecido após a Copa do Mundo. Projeta jogar o Brasileirão e aposta que os grandes clubes do país seguirão apostando em veteranos:
- Muitas vezes, caras acima dos 30 anos estão muito melhor do que a molecada de 17, 18 anos. Temos dezenas de exemplos por aí.
Apesar de negar a aposentadoria, Kleber já estipulou um prazo para voltar a jogar: até o final da temporada. Caso contrário, anunciará o fim da carreira de boleiro e o início da trajetória como empresário.
- Se acertar com algum clube, quero jogar mais duas ou três temporadas. Se não receber uma boa proposta, abrirei o escritório e começarei a revelar jogadores. Como deixei as portas abertas no Inter, oferecerei a molecada para a base do clube - anuncia o ainda lateral-esquerdo.
Ao que tudo indica, torcedor colorado, você voltará a ouvir falar de Kleber no Beira-Rio.
Kleber no Inter
- Cinco temporadas, 226 jogos, 13 gols e sete títulos
Momentos marcantes
"A conquista da Libertadores de 2010, um título que me faltava. E o Mazembe. Foi marcante e doloroso".
Clubes
Corinthians (1998 a 2003)
Hannover 96-ALE (2003 a 2004)
Basel-SUI (2004 a 2005)
Santos (2005 a 2008)
Inter (2009 a 2013)
Títulos
Mundial de Clubes Fifa: 2000
Campeonato Brasileiro: 1998 e 1999
Copa do Brasil: 2002
Campeonato Paulista: 1999, 2001, 2003, 2006 e 2007
Torneio Rio-São Paulo: 2002
Campeão Suíço: 2004
Copa América (Seleção Brasileira): 2007
Copa das Confederações (Seleção Brasileira): 2009
Copa Suruga: 2009
Copa Libertadores da América: 2010
Recopa Sul-Americana: 2011
Campeonato Gaúcho: 2009, 2011, 2012 e 2013