Ainda não fabricaram um GPS capaz de indicar o caminho das vitórias no futebol. Mas o Inter esqueceu completamente o rumo das conquistas da última década.
Em janeiro, ao receber do departamento de futebol os centroavantes Rafael Moura e Wellington Paulista, Abel Braga enviou um recado ao presidente Giovanni Luigi, durante entrevista aos setoristas do Inter:
- O Giovanni pode guardar o dinheirinho dele. Temos várias opções para o ataque, não precisa gastar lá.
Poucos meses depois, na iminência do término dos contratos de Juan e Índio, o técnico solicitou à direção a renovação dos vínculos com os veteranos zagueiros.
Os dois episódios são bons exemplos da série de equívocos de um clube que vem perdendo a dimensão de sua grandeza, ano após ano. Desde 2011, à exceção da Recopa, os colorados só comemoram estaduais e vitórias sobre o principal rival. São conquistas de valor relativo que acabam mascarando limitações que acabam expostas nas competições realmente importantes no restante da temporada. Por isso, temos acumulado fracassos em Libertadores, Brasileirões e Copas do Brasil nos últimos anos.
Nos dois casos citados no início do texto, Luigi deveria ter dado um tapinha nas costas de Abel, com palavras de agradecimentos pelas boas intenções do técnico, já conduzindo-o para a porta do gabinete. Ato contínuo, deveria ter interfonado para o ramal do diretor de futebol e determinado:
- Busquem um centroavante e um zagueiro à altura das ambições da nossa imensa torcida.
É claro que existem muitos outros erros de avaliação por trás dos recentes insucessos. Mas o desânimo do torcedor só aumenta ao perceber que nem mesmo a autópsia das falhas cometidas na desastrosa temporada de 2013 serve de lição. Depois do constrangimento de ver o Inter encerrar o ano próximo à zona de rebaixamento, os dirigentes chegaram à mesma conclusão de todo colorado: o time carecia de explosão e velocidade. Pergunto: o conceito de futebol do Inter mudou desde então?
Enquanto os dirigentes demonstram dificuldade de cortar o cordão umbilical com ídolos veteranos e reservas dos reservas de outros clube chegam ao Beira-Rio com status de titulares intocáveis, jovens talentosos que despontam e enchem a torcida de esperança, como o atacante Leandro, são premiados com o esquecimento.
E assim continuamos longe da trilha dos títulos, sem GPS, bússola e mapas.
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