
O mesmo Beira-Rio xingado por Fabrício na última quarta-feira ovacionou o lateral-esquerdo de 28 anos há pouco mais de 13 meses. Fabrício, enfim, chegava ao ápice de sua carreira. Fez mais: neste dia, 15 de fevereiro de 2014, entrou na história do estádio como o primeiro a marcar após a obra que receberia a Copa do Mundo, naquele 4 a 0 diante do Caxias.
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Era uma vitória pessoal. Com a bola, cumpriu a promessa que fez aos pais, o pedreiro Reginaldo e faxineira Maria Vilma, com apenas 15 anos. Pouco tempo antes, havia presenteado cada um com um apartamento. "Comprados na mesma hora para não dar ciúme", disse o jogador em entrevista concedida no CT Parque Gigante em março, de 2014.
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Caçula entre três irmãos, Fabrício evita dar detalhes sobre a família. Mas faz questão de sempre lembrar da infância dura, dos tempos em que os professores se solidarizavam com a aspereza da sua vida. Bastava o céu prenunciar chuva forte que era liberado mais cedo no colégio no bairro São Miguel Paulista, na zona leste de São Paulo, para ajudar em casa. Era preciso levantar os móveis rápido antes de a água invadir a casa. Quando a chuva chegava antes dele, a saída era tirar a água dos cômodos de balde.
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Fabrício para por aí nos relatos da vida antes da bola. Pessoas com bom trânsito no vestiário do Inter confirmam que sempre foi uma dor de cabeça para o lateral jogar em São Paulo. Os jogadores sempre recebem visitas da família. E isso era um problema para Fabrício. No ano passado, um familiar foi vê-lo no hotel do Inter. Saiu de lá com R$ 2,8 mil no bolso. Sem nem sequer perguntar como ele e a filha de oito anos estavam. Outra incomodação constante eram os problemas enfrentados por um irmão com a Justiça.
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Até o episódio de quarta-feira, Fabrício apontava a temporada de 2009 como o momento mais difícil da carreira. Seu contrato com o Corinthians acabou. Os R$ 25 mil que ganhava no Parque São Jorge viraram R$ 3,5 mil no pequeno Monte Azul, da Série A-2 paulista. À época, escondeu dos pais a queda no rendimento. Pegou a mulher, Jéssica, e a filha, que tinha dois anos, e se mudou para a cidade de cerca de 20 mil habitantes.
- Avisei para a minha mulher que seria uma outra realidade. A pessoa que me conseguiu esse clube ainda me tomava R$ 500 por mês. Não usava carro, pegava comida no Monte Azul e levava para casa. Fiz 15 gols, subimos com o time pra primeira divisão. E acabou sendo a época mais feliz da minha vida - contou.
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Fabrício é grato ao Monte Azul. Tanto que ajuda o clube enviando chuteiras para serem rifadas. Também pede que o presidente receba amigos para testes. O sucesso como camisa 10 do Monte Azul o levou à Portuguesa em 2010. No ano seguinte, veio para o Beira-Rio.
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Entre os amigos, Fabrício é unanimidade. Fal, como é chamado, um sujeito de riso fácil e bom trato.
- É do bem, de muito bom caráter. É alto-astral, nunca vi falar um palavrão sequer. Alguma coisa muito ruim está despertando esta reação agressiva - define alguém bem próximo.
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A questão, conta alguém que conviveu com ele no vestiário, é a forma como lida com o que considera injustiça. É nesse momento que explode:
- É como se ele tivesse um disjuntor, que apaga a fonte.
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