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De Fora da Área

Rafael Cechin: Diego Aguirre é o antiRoth

Trabalho do técnico uruguaio no Inter está provocando um rico debate conceitual sobre futebol no Estado

Rafael Cechin

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Diego Vara / Agencia RBS

Nada contra Celso Roth. Técnico vencedor. É bom esclarecer de cara. O problema é o que a figura dele passou a representar o futebol gaúcho. Com um Inter mais "faceiro" para padrões daqui, Diego Aguirre pode estar mudando nossa cultura nas quatro linhas do campo.

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Antes da chegada do atual técnico do Inter, a maioria da imprensa, as torcidas e até os dirigentes da dupla Gre-Nal tinham a fórmula para as vitórias: "volantões" para defender melhor e "centroavante de referência" para fazer mais gols. Eu me incluo no grupo. Poucos pensavam diferente e, a quase todos, parecia estranho ver Cruzeiro, Corinthians e Atlético-MG conquistarem títulos fazendo diferente de nós.

E é justamente aí que aparecia Roth. Além de recorrerem ao treinador como solução inúmeras vezes, as direções, torcedores e a imprensa ligavam a palavra retranca diretamente à figura dele. No começo de 2015, há bem pouco tempo, virou a sombra de Aguirre. Quem citava problemas no Inter, apontava Celso Roth como o remédio.

Por que não fazer diferente? Por que não podíamos ter recorrido antes a esquemas que levaram Cruzeiro, Corinthians e Atlético-MG a encantarem o Brasil? Eu mesmo me questionei e começo a mudar minhas convicções. Alguns colegas, idem.

Aqui na Rádio Gaúcha, por exemplo, o Wianey criou a "bambilândia" para qualificar quem defende times com menos cuidados defensivos. Na mesma moeda, Sílvio Benfica denominou como "dinossaurolândia" àqueles que entendem que a cultura da retranca deve continuar. São discussões, debates e cornetas que não param, de ambos os lados. Você nem imagina como estão os bastidores. E isso é ótimo.

Se há essa divisão de opiniões e o assunto está sendo discutido, é porque pode estar mais perto o fim do futebol insuficiente e sem títulos de nossos clubes. Não podemos ficar vendo os mineiros crescerem, sem saber como chegar ao mesmo nível. Ou admirando Tite à distância, por um modelo que não sabemos como copiar.

Com Diego Aguirre, o Inter ganhou um futebol "faceiro", como dizem. Todos marcam e todos atacam. Não há titulares e reservas. Está mais perto do que é praticado pelos vencedores. Se vai dar certo aqui, ainda não temos certeza. Se der e o Inter levantar taças com sua "faceirice" para nossos padrões, até Celso Roth pode acabar mudando seus conceitos. Se é que já não mudou.

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