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Diego Aguirre, ex-técnico do Inter, demitido na quinta-feira, falou pela primeira vez em entrevista coletiva convocada pelo próprio comandante no Hotel Plaza São Rafael, em Porto Alegre, nesta sexta-feira.O uruguaio afirma ter sido surpreendido pela demissão às vésperas do Gre-Nal 407 e diz que gostaria de ter a oportunidade de disputar mais um clássico.
- Gostaria de ter disputado esse Gre-Nal. Estou invicto em Gre-Nais e gostaria de mais um. Estávamos a dois, três dias e não entendi. Mas são coisas que não precisam de explicação - revelou. Sobre como foi sua demissão, Aguirre disse que não houve conversa e sim, apenas um comunicado.
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Com a calma e frases pausadas e certeiras, Aguirre valorizou o trabalho junto aos jovens como Valdívia, Sasha e Dourado, apontou que o Inter necessitará de jogadores rodados para ganhar o Brasileirão e fez questão de destacar que sabe que seu trabalho foi bom no Beira-Rio. Não apenas pelos resultados, mas pelo método que sua comissão técnica tentou implementar no futebol brasileiro, não apenas do Inter. Sobre o futuro, declarou:
- Estou envolvido emocionalmente com o Inter, com o projeto. Agora quero descansar. Continuo acreditando que o Inter tem muita qualidade. Aqui você tem de ser campeão. É cultural - resumiu Diego Aguirre.
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Confira os principais pontos da coletiva realizada no hotel Plaza São Rafael, no centro de Porto Alegre:
Arrependimento
"Tentamos adaptar algo a cultura daqui. Não posso mudar algo que eu acredito, não posso mudar minhas convicções. Devo ter cometidos erros e acertos e fiz coisas boas. Não olharei para trás, sobre o que poderia ter acontecido. Acho que deixamos coisas boas para o Inter. Talvez coisas que estavam há tempos sendo feitas de uma maneira houve dificuldades de entendimento. Os jogadores estavam juntos, lutando pelos objetivos."
Surpresa
"Três dias antes de um Gre-Nal, que estávamos conscientizando e motivando os jogadores, que era possível vencer. Não entendi, mas não era preciso explicação. São coisas que acontecem."
Futebol de resultados
"Não entendo o que significa fato novo. Faz parte da cultura brasileira. Acho loucura essa pressão. Só quem ganha é bom e se você não é campeão não é bom. Tentei colocar ideias e metodologia diferente. Sei que às vezes as coisas que são novas têm restrições. Mas no futuro irão mudar. Eu aprendi muito aqui. A convivência com os jogadores foram de alto nível."
Pendências financeiras
"São dificuldades que podem acontecer. Em nenhum momento os jogadores apresentaram isso como problema. Tanto Juan quanto os referências do time sempre deram p máximo. Eles me deram muito."
Parada da Copa América
"Foi uma situação que se deu porque muitos casos eram impossíveis. Geferson, Aránguiz com suas seleções, Sasha fez cirurgia, Juan lesionou. Nilmar tem histórico de lesões. Não tínhamos cinco titulares. Foi a circunstância. Não passou por uma decisão. O time se desarrumou, tivemos dificuldades."
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Confiança da direção
"Quem me trouxe foi o Luis Fernando. Com ele as coisas poderiam ter tido mais respaldo. Houve medo do novo. Nada pessoal."
Argumentos da direção
"Eu tenho muita vontade de ganhar a Libertadores. Sei da dedicação que se precisa ter. Quando perde, fica triste. Não conseguia dormir, não podia estar feliz. O futebol tem de se sentir a derrota. A vitória é boa, mas quando você perde tem de sentir. Não gosto de passar o dia como se nada tivesse acontecido. É como uma ferida que tem de cicatrizar. Se você perde a Copa do Mundo não pode estar bem em outro dia para ganhar.
Planejamento da direção
"É surpresa isso? Aqui sai um treinador de uma porta e entra outro por outra. É assim. Não dá para acreditar."
Sugestões da direção
"Para escalar o time, normalmente, escalava meu time. Se você pergunta para cada diretor, eles pensam em nomes diferentes. Então, cada um tem seu pensamento, eles que contratam os jogadores. O treinador tem de escalar o que tem de melhor."
Conversa com a direção
"Foi um comunicado, sem conversa. Não se teve muito o que conversar. Respeito. Foi rápido. Sem problemas."
Dia a dia no vestiário
"Não aconteceu nada estranho. Quando falo da diretoria, eu acho que o Inter tem pessoas muito boas ali. Eles fazem o trabalho muito bom no dia a dia. Eles também ficaram surpresos quando me demitiram. Nunca tivemos problema, sempre tivemos liberdade para trabalhar, para tomar decisões. O relacionamento foi sempre bom."
A TRAJETÓRIA
Após um período de contestações no início do ano, principalmente por conta da estratégia de não repetir a mesma equipe em jogos consecutivos, Aguirre se firmou. A boa campanha na Copa Libertadores lhe garantiu o apoio da torcida e dos dirigentes.
O auge da trajetória do ex-jogador veio com a classificação à semifinal da competição sul-americana, após a vitória sobre o Santa Fe, da Colômbia, nas quartas de final. A parada do torneio para a Copa América, porém, interrompeu o momento positivo.
Atrapalhado por lesões e com escolhas polêmicas de escalação, o uruguaio viu o time cair de rendimento. Quando a Libertadores foi retomada, veio o pior: a eliminação para o Tigres na semifinal. Desde então, a equipe não se recuperou no Brasileirão e o retrospecto ruim das recentes rodadas o levou à saída.
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