
Desde que Argel assumiu o comando do Inter, é inegável a evolução do rendimento da equipe, antes mergulhada em uma crise. A transformação se deu, também, por mudanças táticas que deram nova cara ao time.
Antes de comparar o Inter de Argel com o de Diego Aguirre, é preciso escolher qual equipe do uruguaio para tomar como base: a que encantou antes da parada para a Copa América ou a que desandou e foi eliminada da Libertadores?
A seguir, veja como funciona o novo Inter e quais são suas diferenças para os dois formatos adotados pelo antecessor de Argel.
Inter de Argel x Melhor Inter de Aguirre

Aqui temos o "duelo" do 4-4-2 com o 4-2-3-1, sistema que não é da preferência do novo técnico colorado.
Depois de testar jogadores e mudar formações no início do ano, Aguirre firmou um 4-2-3-1 que variava para o 4-4-1-1 - já que Valdívia e Sasha retornavam para acompanhar o lateral. Era um time que tinha na velocidade do contra-ataque sua maior arma.
Tudo começava pela saída de bola qualificada de Rodrigo Dourado e Aránguiz. Com dois jogadores de passe correto para dar início às jogadas, o desarme rapidamente se transformava em lances perigosos para o gol adversário. Solto, D'Alessandro ajudava a acionar os velozes Sasha, Valdívia e Nilmar para que combinassem nos metros finais do campo.
O 4-4-2 em quadrado de Argel ainda não foi testado fora de casa (contra o Cruzeiro, o time jogou com o meio em losango e três volantes de origem), o que não permite uma avaliação sobre a força do contra-ataque. É possível, porém, já traçar algumas diferenças em relação ao melhor Inter de 2015.
À frente da zaga, a opção por dois jogadores de posicionamento mais fixo - Dourado e Nilton -, em vez do movediço Aránguiz, dá ideia do que Argel quer de seus meias. Sasha e, principalmente, D'Alessandro, não precisam retornar tanto. O jovem até recompõe com mais vigor, mas as obrigações de marcação ficam mais restritas à linha defensiva e os dois volantes. Ajuda, portanto, que os "guardiões" da área não saiam tanto do lugar. Perde-se um segundo volante que pode surpreender ao se projetar de trás, mas ganha-se ao dar maior liberdade aos homens de frente.
No ataque mora a principal semelhança entre os dois times: a mobilidade. Sasha, Vitinho e Valdívia, hoje, e Sasha, Valdívia e Nilmar, antes, formam trios que não guardam posição. Movimentam-se com intensidade e trocam de lugar com frequência para confundir a marcação.
Inter de Argel x Último Inter de Aguirre

Mesmo sistema, diferentes configurações. O Inter dos últimos meses de Aguirre jogava no 4-4-2, assim como este Inter de Argel. Mas as diferenças entre as duas equipes não param no desenho do meio-campo - em linha com o uruguaio, em quadrado com o novo comandante.
Aguirre mudou sua melhor formação quando apostou na dupla Nilmar e Lisandro López. A presença dos dois fez com que D'Alessandro, antes centralizado e com liberdade de movimentação, fosse deslocado para o lado direito. O capitão passou, assim, a ter de retornar para acompanhar o lateral adversário, algo que nem sempre consegue neste estágio de sua carreira. O meio-campo em linha e com dois jogadores de movimentação ultra ofensiva - D'Ale e Aránguiz - deixou o Inter frágil na defesa.
Hoje, o time de Argel compartimenta o principal setor entre quem ataca e quem defende. Dourado e Nilton, fixos, encarregam-se de desarmar e dar o passe preciso para iniciar as jogadas. A D'Alessandro e Sasha cabem as tarefas de armação. É uma forma mais tradicional de se pensar o meio-campo. Perde-se versatilidade e a possibilidade de surpreender com a participação, na frente, de uma peça mais defensiva. Também há o risco de sobrecarregar os dois volantes, algo que vem sendo resolvido com a ajuda dos retornos de Sasha. Por outro lado, ganha-se a possibilidade de liberar D'Alessandro, confiando que sua criatividade alimentará o setor ofensivo.
Na frente é que está a grande vantagem do Inter de Argel para o dos últimos meses de Aguirre. Com Lisandro, a equipe diminuiu a frenética movimentação do ataque e tornou-se previsível. Ao optar por jogadores de alta mobilidade, sem um centroavante fixo, o novo comandante recuperou as trocas de posição na frente que tanto funcionaram no primeiro semestre.
* ZH Esportes